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    Palácio do Governador de Santa Catarina

    Palácio do Governador de Santa Catarina
    Brasil
    XVIII

    Palácio do Governo de Santa Catarina

    Alçados e Plantas dos Pisos Térreo e Nobre da Caza do Governo, Capitania de Santa Catarina. Ca. 1747.

    Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa - Cartografia. Ms 1221/1224

    Legenda Piso Térreo: Cozinha – Cocheira – Caza de Criados de escada abaixo – Caza de Negros – escada de 3 lanços – Caza de Passagem – Tarimba dos Soldados do Corpo da Guarda – Saguão – Caza dos Oficiais da Guarda – Cavalharice –  Palheiro   

    Legenda Piso Nobre:  Copa - Casa do Tinelo - Caza de criados – Camera – Gabinete - Sala de Recebimento - Sala dos Officiais  - Secretaria - Casa de Espera - Casa de hospedes - Casa de fogo

     

     

    Nota

    De pequenas proporções, o projecto é composto por dois alçados e duas plantas, revelando no seu desenho um grande apuro conceptual. Enviado do Brasil para aprovação da Casa Real, o projecto, embora não assinado, é atribuído ao Brigadeiro José da Silva Paes que ocupava, na altura, o alto cargo de governador da Capitania de Santa Catarina. Este projecto repete as soluções de composição e estrutura interior ensaiadas por josé da Silva Paes, anos antes, no Palácio Real de Vendas Novas, actualizando-as a uma linguagem do barroco final.

    O núcleo central destaca-se do conjunto edificado, sendo enfatizado por um frontão triangular assente em fortes pilastras que, salientando-se do plano da fachada, acaba por nela conformar três corpos autonomizados. Neste novo esquema de composição o conjunto ganha não só unidade, como animação e dinâmica, nas alternâncias rítmicas que se geram pelo tratamento diferenciado das molduras das janelas do corpo central face aos corpos laterais.

    Animado por pináculos e graciosas mansardas, observa-se o uso, pouco comum, de janelas de peito com pano em pedra, indiciando uma influência vinculada á tratadística francesa. A planta do piso térreo permite confirmar que a passagem do vestíbulo para o piso nobre era marcada por grande arco abatido dando acesso por três degraus a um largo patim que, servindo como espaço de distribuição de circulações, acentuava o efeito cenográfico do arranque das escadas.

    A confirmar a qualidade do projecto as plantas são acompanhadas de legenda com a designação dos espaços, permitindo-nos, assim, aceder às lógicas de distribuição interior que subordinam a proposta arquitectónica. A partir da sala central e do patamar do piso nobre, desenvolvem-se, em sentidos contrários, duas alas: uma, de carácter mais pessoal, com gabinete, câmara, casa de fatos, e, em oposição, uma zona mais oficial e burocrática, com sala de officiais, secretaria e casa de hospedes.

    Pormenor muito interessante é a referência na legenda da planta do piso nobre a um compartimento com a designação de “casa do Tinelo”. Este espaço surge já no piso nobre numa situação nobilitada na sequência das salas de recepção e apoiada por uma copa com ligação ao piso térreo.

     

     

    Bibliografia

    Carita, Helder, «O núcleo de “escadas reais” e a formação de um modelo de palácio barroco: de João Antunes a André Soares», in IV Congresso História da Arte Portuguesa em Homenagem a José-Augusto França, Lisboa, APHA, 2014, pp.122-132.

    A construção do Brasil -1500-1825, Catálogo da Exposição, Lisboa, CNCDP., 2000, p.218.

     

    ttt
    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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