Filtrar

    Palácio de Campo de Ourique, 1760

    Palácio de Campo de Ourique, 1760
    Portugal
    XVIII

    Título




    Frontaria de hum Palácio Real da parte dos jardins inventado e debuxado no Arsenal Novo pello Capp am Dinizio de S. Dionizio em 1760.

    Desenho a tinta-da-china e aguadas de cor ocre, amarelo e cinza; Dim. 395 x 87 cm

    Biblioteca da Academia de Lisboa (s. n. de inv.).

     

     

    Nota

    Assinado pelo Capitão Dionizio de S. Dionizio e datado do ano de 1760, este alçado correspondia a uma da proposta para o novo palácio real a construir na zona de Campo de Ourique. De enormes proporções, quase quatro metros, e num requintadíssimo acabamento, este desenho é um dos mais belos desenhos sugere ter sido realizado para ser apresentado na corte e a uma larga plateia.

    A proposta mostra um notável empenhamento criativo marcado por uma elegância, leveza e imaginação de soluções.

    Partindo de uma solução de três torreões, articulados por dois corpos intermédios, todo o conjunto organiza-se num subtil jogo de cheios e vazios, concedido por colunatas e varandas. O corpo central de entrada, evidenciando-se pela sua morfologia octogonal face aos dois torreões laterais de desenho quadrangular, recebe, no último piso, um original mirante rematado por cornija e balaustrada recta e encimado por grande troféu com as armas reais ladeadas de figuras aladas.

    Sem perder vigor arquitectónico, os torreões rasgam-se por amplas varandas com altas colunas geminadas que, avançando sobre a frente da fachada, possibilitam uma intensificação dos efeitos cambiantes de luz natural, permitindo uma ligação com o exterior e as vistas. É, sem dúvida, esta transformação dos torreões, tradicionalmente concebidos como fechados e maciços, em grandes “belveres”, que marca inovadoramente esta solução, conferindo ao conjunto um claro valor festivo e um sofisticado usufruto vivencial.

    Na composição geral a verticalidade dos três torreões é dinamizada pela marcada horizontalidade dos corpos intermédios, compostos por apenas um andar nobre fortemente destacado por altas colunas, que, prolongando-se nas varandas dos três torreões, dotam de grande unidade todo o conjunto.

    A mestria e originalidade do projecto volta a revelar-se no uso da delicada decoração escultórica que, de forma premeditada, se concentra quase exclusivamente nos torreões, desdobrando-se em estátuas, troféus e baixos-relevos. Assim, em contraponto com os dois corpos intermédios, marcados por uma maior contenção decorativa, esta enfatização decorativa nos torreões, assumidos como grandes mirantes, acentua uma intenção de sentido lúdico e festivo a imprimir às vivências espaciais do futuro palácio real.

     

     

    Bibliografia

    Carita, Helder; “Dois Alçados Inéditos do Palácio Real de Campo de Ourique”, in Revista de História da Arte. Lisboa, Nº. – 11, pp. 185-207.

    ISSN - 1646-1762

     

    ttt
    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

    Please publish modules in offcanvas position.