Autor / Mestre / Construtor
Projeto do construtor italiano Antonio Jannuzzi.
Estudo de reconstituição do palacete do Barão do Rio Negro na cidade de Petrópolis. O edifício construído em 1889 permaneceu com a família até 1896 quando foi adquirido pelo governo do Estado. Nesse período a casa funcionou como residência de verão dos presidentes da República. Recebeu importantes eventos como o casamento de Hermes Rodrigues da Fonseca com Nair de Teffé. Atualmente a casa abriga o Museu Palácio Rio Negro, uma unidade do Museu da República.
Enquadramento Urbano e Paisagístico
A cidade de Petrópolis tem sua origem com a aquisição da antiga Fazenda do Córrego Seco, adquirida em 1830 por D. Pedro I para a criação de uma nova cidade. Coube ao engenheiro alemão, Julio Frederico Koeler, o desenvolvimento de um plano urbanístico para Petrópolis. Nesse projeto, entre outras ações, estava prevista a retificação do Quitandinha e a criação de uma extensa avenida ao seu longo. Denominada inicialmente como Rua de D. Affonso, a atual Avenida Koeler guarda ainda hoje um número significativo de importantes edificações erguidas no final do século XIX e início do XX. É nessa avenida que o Palacete do barão do Rio Negro está situado, em posição de destaque no amplo lote que divide ainda com outras edificações, como o palacete Raul de Carvalho.
Morfologia e Composição
O projeto do construtor Antonio Jannuzzi se destaca por uma influência do então recente movimento eclético, seguindo ainda referências da arquitetura neoclássica. A casa é um pavilhão de dois pavimentos, elevado do solo por um porão não habitável, com destaque ao acesso principal realizado por uma escadaria de pedra e conta ainda com varandas, inclusive nas fachadas laterais com acessos secundários. Destaca-se no edifício a simetria, o corpo central destacado do volume maior e, ainda, a verticalidade, que gera a imponência do edifício.
Fachada Principal
A fachada principal se destaca pela presença da extensa escadaria de pedra com guarda corpo em balaustrada que percorre todo o perímetro da fachada. O acesso a casa é realizado por duas portas que estão fixadas em vãos de verga em arco pleno. Existe ainda no pavimento térreo mais quatro vãos de verga reta. No pavimento superior existem sete vãos com verga em arco pleno. Coroando o edifício existe ainda uma platibanda com trechos em balaustrada e trechos sólidos. É importante destacar a presença de diversos elementos decorativos nessa elevação, como as colunas e pilastras da ordem coríntia, frisos, mútulo, entre outros.
Fachadas Secundárias
As fachadas laterais e de fundos possuem menor uso dos elementos decorativos e a platibanda se apresenta com mais trechos em balaustrada. É interessante destacar ainda a existência das varandas cobertas nas fachadas laterais que dão acesso a casa e são guarnecidas com guarda corpo e pilares em ferro e decoradas com lambrequins.
Pormenores
Bibliografia
GRIECO, Bettina Zellner. A arquitetura residencial de Antonio Jannuzzi Ideias e Realizações. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.
Il Brasile e gli Italiani. Disponível em: <https://archive.org/details/ICIB_il_brasili_e_gli_italiani_tiff>. Acesso em 09 de mar 2021.
Jornal Correio da Manhã, dezembro de 1967.
Revista Renascença. Rio de Janeiro, setembro de 1906.
Cronologia e Proprietários
1889 – O Barão do Rio Negro adquire o terreno e encomenda a Antonio Jannuzzi a construção do Palacete.
1894 – O Barão mudou-se para Paris e o Palacete ficou desocupado.
1896 – O Governo do Estado adquire o Palacete e instaura a sede do governo executivo do Rio de Janeiro.
1903 – O edifício é transformado em residência de verão dos presidentes da República.
1913 - Foi realizada na residência a cerimônia de casamento do então presidente da república, Hermes da Fonseca, com Nair de Teffé.
1964 - A Avenida Koeler é inscrita no livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
1975 – O Palacete passa a ser administrado pelo Exército, sendo sede do comando da 1ª Brigada de Infantaria Motorizada.
1992 – O Governo do Estado do Rio de Janeiro volta a administrar o edifício e cede para a Prefeitura Municipal de Petrópolis.
2005 – O Palacete volta à administração da União, ficando o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) responsável por ele.
2007 – O edifício passa a ser uma unidade do Museu da República.
Manuel Gomes de Carvalho, nasceu em 27 de abril de 1836 em Amparo de Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Era filho de Manuel Gomes de Carvalho (1788-1855) e Francisca Bernardina de Souza Carvalho (xxxx-1875), os 1º barões do Amparo, irmão de Joaquim Gomes de Carvalho (1830-1921), 2º Barão do Amparo e de João Gomes de Carvalho (1839-1899), o Visconde de Barra Mansa. Casou-se em 1857 com Emília Gabriela Teixeira Leite (1840-1927) com quem teve os filhos: Emília Teixeira Leite de Carvalho (1871-1962), Francisca Leite de Carvalho (1877-1932), Manuel Emílio Gomes de Carvalho (1859-1920), Olga Gomes de Carvalho (1873-1915), Letícia Gomes de Carvalho, Maria do Carmo Gomes de Carvalho, Álvaro Gomes de Carvalho, Raul Gomes de Carvalho, Mário Gomes de Carvalho e Alice Gomes de Carvalho.
Era proprietário da Fazenda Crissiúma em Barra Mansa, que herdou de seu pai. Recebeu o título de Barão do Rio Negro em 1867. Em 1889 se associou à companhia Evoneas Fluminense, criada para explorar a construção de casas operárias no Rio de Janeiro. O arquiteto construtor desta Companhia, Antonio Jannuzzi, se tornaria seu amigo e foi a ele que Rio Negro encomendou a construção de seu palacete em Petrópolis onde veraneava com a família. Foi proprietário de outras casas no Rio de Janeiro, entre elas o Palacete da rua Santo Amaro. Em 1892 partiu com a família para Paris, que já conhecia de outras viagens à Europa. Com dois de seus filhos criou o “Café Carvalho”, situado no bairro de Levalois Peret, onde o café era manipulado e transformado para a venda. Porém o negócio não prosperou e o que sustentou a família foram os negócios do Brasil. Manuel morreu em 27 de dezembro de 1898 em Paris.
Documentação
Fotografia de Omar Gallo no Jornal Correio da Manhã (1927/1967), acervo Arquivo Nacional.. Publicação Il Brasile e gli Italiani.
3ª Conferência internacional das repúblicas Americanas. Revista Renascença. Rio de Janeiro, setembro de 1906.
Vistas exteriores do Palácio Rio Negro, Agência Nacional, 1941.
Retratos dos Barões do Rio Negro, produzidos por Leonardo R. Sanches, 1996.
Programa interior
A casa possui uma planta com base quadrada alinhada a um volume retangular um pouco maior, configurando um “T”. Com dois pavimentos, a setorização da casa se distribui principalmente com as áreas social e de serviço no térreo, enquanto no pavimento superior se concentram os ambientes íntimos.
Piso 0, Área social
O trecho correspondente ao volume retangular, onde se localizam os três importantes salões da casa pode ser acesso tanto pela fachada principal quanto pelo hall de entrada que se destaca pela presença da escada em “L” iluminada pela claraboia com vitrais coloridos.
Piso 0, Área de serviço
A área de serviço pode ser acessada de forma independente do lado externo e está conectada por uma escadaria de madeira ao pavimento superior.
Piso 1, Área íntima
O pavimento superior se tem acesso aos quartos tanto pela escada no hall de entrada quanto por uma escada de serviço localizada no trecho posterior da casa.
Observações
Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2023
Texto: Andreza Baptista (PCTCC/FCRB), 2023
Fotografia: Igor Holderbaum (PIBIC/FCRB)