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    Fazenda Campos Elíseos

    Fazenda Campos Elíseos
    Brasil
    XIX

    Enquadramento Urbano e Paisagístico

    A fazenda fica situada a 4 km do sub-distrito de Comércio, na cidade de Rio das Flores - RJ. Fundada em terras da antiga sesmaria de José Joaquim França, próxima ao Rio Paraíba do Sul, a fazenda está implantada sobre um trecho plano entre pequenas elevações. 

     

     

    Morfologia e Composição

    A fazenda conta com diversas estruturas  de trabalho para a produção do café.  A casa sede foi construída sobre um platô, possui planta em forma de “U” e telhado de quatro águas. A frente da casa localiza-se o antigo terreiro, tendo ao lado direito as construções da antiga tulha e do engenho, e ao lado esquerdo três construções que configuraram a antiga senzala.

     

     

    Fachadas

    A fachada principal é marcada pela simetria dos vãos, tendo ao centro a porta do acesso principal, que é alcançada por uma escadaria paralela a esta mesma fachada, encimada por um pequeno alpendre de três águas. As janelas possuem vão de verga reta e esquadrias de madeira veneziana. Nas fachadas laterais destaca-se presença do porão, que eleva a casa do nível do solo.

     

     

    Programa Interior

    A casa da Fazenda Campos Elíseos possui planta em forma de “U”, onde na ala direita se distribuem as áreas de serviço e na ala esquerda as áreas íntimas. É um casarão de um pavimento implantado sobre porão não habitável. Devido às características do sítio em que foi construída, em um platô, o acesso da casa se dá pela escadaria localizada na fachada principal e também por outra escada localizada na ala direita. Existe mais um acesso a casa localizado no centro da planta, entre as alas que conformam o “U”.  

     

     

    Equipamento Móvel

    Conjunto de cadeiras do visconde de Ipiabas. Disponível em: Movelaria Carioca.

     

     

    Cronologia e Proprietários

    Séc. XIX -  A Fazenda Campos Elíseos foi aberta em terras da sesmaria concedida a José Joaquim França que vendeu-a ao capitão Joaquim José de Araújo Maia. Joaquim José de Araújo Maia se muda com a família de Minas Gerais para a fazenda, chamando-a de Bom Jardim. 

    1851 - Maia morre em 1847 e a fazenda é vendida pela viúva Teodósia a Peregrino José da América Pinheiro, o visconde de Ipiabas que altera o nome da fazenda para Campos Elíseos.

    1860 - Uma porção de terras é desmembrada da fazenda Campos Elíseos, sendo doada por Peregrino a seu filho, o Francisco Pinheiro de Souza Werneck, o 2º barão de Ipiabas, que funda em 1875 a Fazenda Guaritá.

    1882 - O visconde de Ipiabas falece e deixa a fazenda para sua esposa  Anna Francisca de São José. 

    1892 - Com a morte da viscondessa de Ipiabas a propriedade é passada para o genro, Manuel Vieira Machado da Cunha, o barão da Aliança.

    1895 - O barão da Aliança vende a fazenda Campos Elíseos, juntamente com as fazendas Saudade e Santa Maria, e adquire a fazenda Flores do Paraízo.

    1906 - O proprietário Alfredo Vieira Machado vende a fazenda a Camilo Martins Lage. 

    1919 - A propriedade é novamente vendida, sendo adquirida por Caio Júlio Tavares, que a transfere para o portugues João Manoel da Costa, que mantém a produção cafeeira ainda com o sistema do século XIX.

    1940 - A fazenda Campos Elíseos é vendida a Paulo Mendonça de Oliveira, que também permanece com a produção de café, agora associado à exploração do gado leiteiro.

    1955 - Mais uma vez a fazenda é vendida, voltando ao poder da família Werneck. Marcos Vieira da Cunha, descendente direto do visconde de Ipiabas, promove a recuperação arquitetônica e histórica das fazendas Guaritá, Campos Elíseos e Santo Antônio, todas propriedades da família Pinheiro Werneck. 

    1985 - Com a morte de Cunha, a fazenda Campos Elíseos passou a seus herdeiros que, impossibilitados de explorá-la, entregaram a fazenda como pagamento de dívidas ao BCN Arrendamento Mercantil S. A. 

    1990 - A fazenda é adquirida por Omar Resende Perez, que, em 2000, a vende ao casal Maximo e Luciana Japelli.

     

    Joaquim José de Araújo Maia, capitão, nascido em 1772, saiu da Vila do Príncipe, atual Serro, em Minas Gerais após o fim da extração de ouro, estabelecendo-se na região do Vale do Paraíba no fim do século XVIII. Casou-se com Teodósia Vieira da Cunha, filha de importante fazendeiro, que também havia migrado de Minas, vindo de Bom Sucesso. O casal mudou-se para a fazenda adquirida na margem do Paraíba que batizaram de Bom Jardim. Lá tiveram sete filhos, entre eles Bárbara Balbina de Araújo Maia, casada com o engenheiro Christiano Benedicto Ottoni e Honório de Araújo Maia, 1º barão de Araújo Maia. Faleceu em 1856 na cidade de Valença. 

     

    Peregrino José da América Pinheiro, o visconde de Ipiabas, nasceu em 1811 na freguesia de Paty do Alferes, pertencente ao município de Vassouras.Era filho de João Pinheiro de Souza (1787-1860), Capitão Reformado da 2 Linha da Guarda Nacional de Vassouras e Izabel Maria da Visitação (1785-1876) e irmão do barão de Potengi. Mudou-se para a Fazenda de São João, em Valença, com apenas 11 anos e foi nessa região, à margem do Rio Paraíba, que permaneceu até seu falecimento. Casou-se com Anna Francisca de São José em 1834 com quem teve nove filhos, entre eles: Francisco Pinheiro de Souza Werneck, 2º barão de Ipiabas (1837-1926), Ana Peregrina Pinheiro Werneck, baronesa de Potengi, Maria Isabel Pinheiro Werneck, baronesa da Aliança (1848-1927) e Francisca Peregrina de Chagas Werneck, baronesa de Almeida Ramos. 

    Fundou inicialmente a Fazenda do Oriente, onde iniciou sua trajetória como produtor de café. Aos poucos comprou propriedades próximas como a Fazenda do Campos Elíseos, anexando-as à sesmaria de São João. Foi coronel da Guarda Nacional de Valença, chegando a comandar a guarda nacional de Paraíba do Sul e de Valença. Recebeu o grau de cavaleiro da imperial ordem da Rosa e da Ordem de Cristo. Foi também presidente da Câmara Municipal e juiz municipal e de órfãos de Valença. Participou da fundação do Instituto Fluminense d’Agricultura em 1861 e provedor da Santa Casa de Misericórdia. Na política foi filiado ao partido conservador e defendeu a libertação de escravos. Recebeu em 26 de dezembro de 1866 o título de Barão de Ipiabas e o de Visconde em 17 de junho de 1882. 

    Faleceu em 1882 na Fazenda do Oriente no auge de seu prestígio e de sua fortuna. Fortuna esta composta na sua maioria por propriedades na Corte do Rio de Janeiro, como por exemplo, o palacete da rua do Costa; casa em Valença e Comércio; centenas de ações e grande quantidade de terras divididas em cinco grandes fazendas: Oriente, Campos Elíseos, Santa Rita, Conceição e São João. Seus restos mortais se encontram no mausoléu da família no cemitério Riachuelo, na cidade de Valença. 

     

    Manuel Vieira Machado da Cunha, o barão da Aliança, nasceu em 1847 em Rio das Flores. Era filho de João Vieira Machado da Cunha e Maria Isabel de Jesus Pinheiro Werneck, e sobrinho do visconde de Ipiabas e do barão do Rio das Flores. Casou-se em 29 de agosto de 1882, com a prima Maria Isabel Pinheiro Werneck, com a qual teve somente uma filha: Maria Augusta Werneck Machado da Cunha. De importante família de abastados proprietários de fazendas de café, foi proprietário das fazendas da Saudade, Santa Maria, Campos Elísios e Flores do Paraíso. Foi eleito em 27 de março de 1890 como o primeiro presidente da câmara municipal de Santa Teresa, atualmente Rio das Flores, onde destacou-se como líder nas lutas pela emancipação da região, então freguesia de Valença, e reeleito como presidente em 1904. Recebeu a patente de alferes da Guarda Nacional e exerceu a função de comissário do café. Foi agraciado com o título de barão da Aliança em 29 de março de 1882. Faleceu em 1934 na cidade do Rio de Janeiro.

     

     

    Documentação

    Partilha de bens do visconde de Ipiabas, 1882. Fonte: Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário. Coleção Processos da Nobreza Brasileira, Acervo Textual. Mídia AP_014126. 

    Inventário da viscondessa de Ipiabas, 1892. Fonte: Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário. Coleção Processos da Nobreza Brasileira, Acervo Textual. Mídia AP_016905

     

    Imagens antigas da Fazenda Campos Elíseos, sem autoria e sem data (Acervo ARTUR)

     

    Quadros dos viscondes de Ipiabas: Peregrino José da América Pinheiro (1811-1882) e Anna Francisca de São José (1814-1892). Tela de E. Rolin, 1882, existente no Museu Imperial.

     

    “O visconde de Ipiabas Peregrino José de America Pinheiro: perfil biographico, acompanhado do retrato do finado e seguido de algumas allocuções pronunciadas por occasião de seus funaraes.” (escrito por Manoel Peixoto de Lacerda Werneck). Arquivo Nacional. Coordenação de Documentos Escritos - CODES, 1882. Disponível em: <https://sian.an.gov.br/sianex/consulta/Pesquisa_Livre_Painel_Resultado.asp?v_CodReferencia_id=2402557&v_aba=1>.

     

     

    Bibliografia

    Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Fazenda Campos Elíseos. Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense. Rio de Janeiro: Inepac, Instituto Cidade Viva, 2009.

    Arquivo Nacional. Planta do terreno pertencente ao espólio do finado Visconde de Ipiabas. Coordenação de Documentos Escritos - CODES, 1882. Disponível em: <https://sian.an.gov.br/sianex/consulta/Pesquisa_Livre_Painel_Resultado.asp?v_CodReferencia_id=998583&v_aba=1>. 

    Arquivo Nacional. Mapa topográfico da fazenda denominada Campos Elíseos pertencente ao Sr. Corel. Coordenação de Documentos Escritos - CODES, 1853. Disponível em: <https://sian.an.gov.br/sianex/consulta/Pesquisa_Livre_Painel_Resultado.asp?v_CodReferencia_id=998580&v_aba=1>.

     

    Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2021

    Texto: Andreza Baptista (PCTCC/FCRB)

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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