Apresentação
Os Jardins do Palácio dos Biscainhos localizam-se na rua dos Biscainhos-4700-415 Braga e com as seguintes coordenadas 4155078, -8.43095.
Pela estrutura complexa e desenho constitui um dos mais interessantes conjuntos paisagísticos do Norte do País. Com um eixo longitudinal marcado por vários portais, tanques e lagos que garantem uma unidade a todo o conjunto, os jardins decompondo-se em vários espaços de pendor arquitectónico composto por muros, alegretes mirantes, casas de fresco que conferem a cada jardim um clima particular.
Enquadramento histórico e arquitectónico
A partir de um núcleo arquitectónico mandado construir na segunda metade do século XVII, por Maria da Silva e Sousa e Constantino Ribeiro do Lago, procurador-geral da Mitra Bracarense, instituidor do vínculo dos Biscaínhos, os jardins do Palácio dos Biscainhos terão sido executados na sequência das grandes obras mandadas realizar pelo Deão Francisco Pereira da Silva no 1712. A 26 Novembro assina contrato com o pedreiro Manuel Fernandes da Silva, para ampliação das suas casas na rua dos Biscaínhos, segundo modelo de papelão executado para o efeito.
Foi ele que institui o vínculo dos Biscaínhos. Diogo de Sousa da Silva, seu filho, era cavaleiro professo da Ordem de Cristo. Francisco Pereira da Silva era Deão da Catedral. António Pereira Pinto de Eça, era administrador do segundo vínculo de Bertiandos. João Pereira Forjaz
Coutinho, é filho do secretário dos Negócios Estrangeiros, da Guerra e da Marinha. Damião Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1764 - 1835) é administrador do primeiro vínculo de Bertiandos. Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1797 - 1856), conde de Bertiandos, é membro da do Conselho de D. Maria II, par do reino, governador civil de Braga e procurador nas cortes de 1928. A filha que lhe sucede, Joana Maria do Rosário Francisca Sales Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1818 - 1874), segunda condessa de Bertiandos, é açafata das rainhas D. Estefânia e D. Maria. O seu neto, Gaspar Lobo Machado do Amaral Cardoso de Menezes, 3º visconde de Paço de Nespereira foi o último membro da família a ser proprietário da Casa dos Biscainhos.
Estrutura geral e composição
Estruturado num longo eixo que do pátio da casa vai descendo até ao jardim do Pombal, esta magnifica estrutura ajardinada, decompõe-se em vários espaços de pendor arquitectónico composto por muros, alegretes mirantes, casas de fresco que conferem a cada jardim um clima particular.
Este espaço complexo tem aproximadamente um hectare, e divide-se em inúmeras estruturas das quais aqui enumeramos, o "pátio", o "jardim formal", os "patamares do pomar e das hortas", o “recinto das muralhas", o “canavial" e o "largo do pombal", espaços estes embelezados por várias esculturas e fontanários.
Jardim do Labirinto
O "jardim formal" apresenta um traçado labiríntico de canteiros de buxo. A embelezá-lo, existem janelas e portões ornamentais, encimados por pináculos ou por meninos com charamelas, painéis de azulejos polícromos e esculturas decorativas.
Destacam-se ainda, cinco fontes de repuxo, um pavilhão de jardim, um mirante e duas monumentais e paralelas casas de fresco (construídas por árvores vivas) de japoneiras oitocentistas com chafarizes no interior.
A Casa de Fresco
Elemento peculiar dos jardins portugueses e que entrona numa tradição árabe é a pequena casa de fresco. Servindo como ponto de recolhimento as pequenas dimensões deste pequeno edifício, a localização na periferia do jardim e ainda o requinte dos acabamentos parecem sugerir encontros amorosos ou íntimos longe dos olhares.
Pomar
Com um conjunto de terraços debruados por bucho esta zona correspondia ao pomar que vemos permanecer nos jardins portugueses até ao século XIX como um elemento típico e característico. Cameleiras frondosas, magnólias e um Tulipeiro da Virgínia, plantado no século XVIII encontramos no pomar do Jardim dos Biscainhos.
Templete
No remate final dos jardins ao muro uma que, implantação poligonal associada ao seu coroamento com ameias e à presença de guaritas nos ângulos, lhe confere um aspecto de fortaleza quinhentista. No interior desse simulacro de baluarte foi construído um templete com cúpula e lanternim que contém lajes sepulcrais de parentes dos senhores da casa.
A Estatuária
Cronologia e proprietários
2ª metade do século XVII fundação da casa.
1665 - Casamento de Maria da Silva e Sousa com Dr. Constantino Ribeiro do Lago, procurador-geral da Mitra Bracarense Cavaleiro da Ordem de Cristo, Alcaide-mor de Ervededo, Ouvidor e Desembargador de Braga, Chanceler da Relação, Procurador-Geral da Mitra, instituidor do vínculo dos Biscaínhos;
Este manda edificar a casa, a qual, provavelmente, foi construída por artífices bascos da província de Biscaia, então a trabalharem na catedral;
1699 - Conclusão das obras, na parte antiga, mandadas executar por Diogo de Sousa da Silva;
1712 - 26 novembro - o Deão Francisco Pereira da Silva assina contrato com o pedreiro Manuel Fernandes da Silva, para ampliação das suas casas na rua dos Biscaínhos, segundo modelo de papelão executado para o efeito;
1724 - Pintura do tecto do salão nobre, executado pelo pintor Manuel Furtado de Mendonça; data dos azulejos, fabricados em Coimbra;
Francisco Pereira da Silva era Deão da Catedral.
António Pereira Pinto de Eça, era administrador do segundo vínculo de Bertiandos.
João Pereira Forjaz Coutinho, é filho do secretário dos Negócios Estrangeiros, da Guerra e da Marinha.
Damião Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1764 - 1835) é administrador do primeiro vínculo de Bertiandos.
Séc. XIX - Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1797 - 1856), conde de Bertiandos, é membro da do Conselho de D. Maria II, par do reino, governador civil de Braga e procurador nas cortes de 1928.
Joana Maria do Rosário Francisca Sales Pereira da Silva de Sousa e Menezes (1818 - 1874), segunda condessa de Bertiandos, é açafata das rainhas D. Estefânia e D. Maria.
Gaspar Lobo Machado do Amaral Cardoso de Menezes, 3º visconde de Paço de Nespereira foi o último membro da família a ser proprietário da Casa dos Biscainhos.
1963 – O palácio é adquirido pela Junta Distrital ao 3º Visconde de Paço de Nespereira, para ali instalar o actual Museu, sendo as obras da responsabilidade do Arquitecto Alberto da Silva Bessa;
1978 - 11 fevereiro - o Museu dos Biscaínhos abre ao público; dada a incapacidade financeira da Junta Distrital de Braga, o Decreto-lei nº 133/87 de 17 Março transfere a gestão do organismo para o Instituto Português do Património Cultural;
1991 - 09 Agosto - o museu é afeto ao Instituto Português de Museus, Decreto-Lei n.º 278/91, DR, 1.ª série-A; 2007, 29 março - o imóvel é afeto ao Instituto dos Museus e Conservação, I.P. pelo Decreto-Lei n.º 97/2007, DR, 1.ª série, n.º 63.
Bibliografia
ARAUJO, Ilídio, Arte Paisagística e Arte dos Jardins em Portugal, volume I, Lisboa, 1962;
CARITA, Helder - Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, Lisboa, ed. de autor,
GIL, Júlio, Os mais belos palácios de Portugal, Edições Verbo, Lisboa, 1992, p. 30 - 35;
STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Tomo I, Porto, 1993;
Nota
Coordenação: Hélder Carita
Textos: Hélder Carita
Colaboração na inserção de textos e imagens: Bolseira Magda Salvador
Fotografias: Atelier Hélder Carita