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    Casa das 14 Janelas

    Casa das 14 Janelas
    Brasil
    XIX

    Enquadramento histórico e paisagístico

    Vasta casa térrea, conhecida com Casa das 14 Janelas, situada em área do Conjunto Arquitetonico e Urbanistico de Vassouras, RJ, tombado em 1858,  no  número 8 da rua Diretia, de fronte para a Praça São Sebastião Lacerda, com fundos até a rua Bonita. Fora edificada em terreno pertencente ao patrimônio de Irmandade da Matriz da Nossa Senhora da Conceição, avaliada em 14:000$000,

    Foi residência de João Evangelista Teixeira Leite, filho do Barão de Itambé, e sua família, e atualmente pertence a seus descendentes, da família Leite de Carvalho. Os Teixeira Leite  foram  uma das mais  influentes  famílias de Vassouras, eram negociantes, corretores e produtores de café. . 

     

     

     

    Morfologia e composição

    Casa Térrea à beira de rua, como eram as importantes moradas da época. Apresenta fachada simples com sequências de portas e janelas, que se alteram ou vão se repetindo, tendo como elemento de ligação , uma forte e dominante horizontal, constituída pelas cimalhas e beirais acompanhada pelas sobrevergas das janelas e a madeira das esquadrias. 

    No início do atual século, sofreu a casa uma grande reforma, feita pelo barão de Amparo. Seria ela, inicialmente, constituída somente do corpo maior, à esquerda, ao qual justapõe-se o da direita deslocando-se para o eixo da fachada a antiga porta de entrada, localizada no corredor existente junto à divisa esquerda.

     

    Fachada

    A fachada da casa nota-se em cinza, quase branco, estando as esquadrias pintadas em verde escuro. Horizontalidade marcada por elementos, como a pesadíssima platibanda de alvenaria escondendo o telhado, revestidas, tanto no alto, quanto na face superior da cimalha, por chapeamento de chumbo. Este aspecto pesado, motivado pela ausência de relevos na platibanda, se deve, talvez, a uma reforma por que se passou esta casa, no início do século atual.

    Todas as janelas dessas casas térreas, com vergas retas, distribuem-se nas fachadas, intercalando panos de alvenaria iguais entre sí, e aproximadamente com a mesma largura dos vãos. Essa igualdade ou quase igualdade dos vãos e dos panos que os separam, assim como a pequena largura da faixa de alvenaria sobre as janelas.

     

    Pormenores

    Os vãos de portas e de janelas eram  guarnecidos de madeira lavrada, e com vergas retas reforçados apenas, por cimalhas, também de madeira, são elas normalmente horizontais e paralelas às vergas, constituindo apenas um arremate para as mesmas. Nota-se a calha existente ao longo da fachada principal, para coletar as águas que escoam em direção à platibanda, observa-se também buzinotes de controle de águas pluviais na platibanda.

    Pelo que se pode observar, sem auxílio de equipamentos, são três as técnicas construtivas utilizadas nas paredes da Casa: adobe e tijolo nas alvenarias externas e pau-a-pique (taipa de sopapo) nas paredes divisórias e algumas externas (aquelas voltadas para dentro do lote). A estrutura da casa, em madeira, é independente nos trechos de taipa e autoportante nos trechos da alvenaria. 

    Portão lateral com abertura do muro feito posteriormente. O portão de acesso apresenta várias degradações não constatadas anteriormente. Particularmente na alvenaria junto ao portal que foi refeita em tijolo furado com argamassa de cimento, técnica incompatível com a original.

    O telhado da Casa é composto de diversas águas e telhados. Na área da cozinha há um telhado de 03 águas interligado aos demais cômodos por outro com duas águas. Na parte frontal da Casa, são três telhados bastante distintos: duas águas no maior trecho à esquerda; uma água com um telheiro; e por fim, no extremo à direita, outro composto por 03 águas, sendo a triangular voltada para a área da piscina. Nesse ponto um pequeno telhado avança em direção ao quintal.

     

    Programa Interior

    A casa possui maior frente para a rua, dispondo-se mais no sentido paralelo das ruas que no perpendicular, e com o piso elevado de um, ou de um e meio metros acima do nível do logradouro, apresenta pequena escada de acesso,  localizada na própria sala de frente (2).

    Possui três salas de receber (1, 2, 3), e possuem várias passagens de ligação com o resto da morada. Permanece o corredor de ligação (7) geral em maioria das casas,que, saindo da porta de entrada, penetra pela casa, até o pátio dos fundos, formando um eixo, em que se dispõe os grupos de compartimentos: o de receber ou social, o de habitar e o doméstico ou de serviços nos fundos da morada.

    Nos casos das alcovas (8, 9, 11, 12), a fim de permitir o uso optativo, sendo para hóspede ou para família, estas possuíam duas portas, uma que dava para a área social e outra para a área íntima. Localizam-se em duas fileiras entre esses dois setores.

    Por fim, a ala de serviços (20, 21), na parte mais próxima ao fundo do terreno, eram de peças de amplas dimensões, exageradas em relação ao restante da casa.

     

    Jardim

     As diversas edificações presentes no terreno da casa eram conectadas por este quintal com uma piscina, revestida de azulejos, na área aberta mais próxima ao muro da fachada.

    O telheiro e a varanda (2) são um ponto de circulação entre a Casa (1)  e a Casa dos Fundos (3).

    Ultrapassado o telheiro, atinge-se a Casa dos fundos(3). Pequena, de aspecto contemporâneo ao telheiro, inclusive com o revestimento nas paredes.

    De todas as edificações que compõem o conjunto, a Casa de Banho (4), local junto ao muro e perpendicular à testada, é a mais excepcional. Embora com características já do início do século XX, a ideia de um espaço fechado com uma banheira/tanque forrada de ladrilhos hidráulicos é diferenciada. Na cobertura da Casa de Banhos aparecem, ainda, em outro trecho do beiral com perda de telhas e do lambrequim.

    A sobrevivência da antiga Garagem(5) das charretes e carruagens é notável, construção isolada e à direita no terreno.Essa comporta dois os portões, à direita o portão de acesso ao terreno, a carruagem poderia ir até o interior do imóvel e retornar para adentrar à garagem (portão à esquerda). Na calçada, o meio fio da garagem é recortado para facilitar o embalo até o nível mais alto no interior da mesma. A numeração cadastral dos portões é independente da Casa, já que eles se situam na Rua Luiz Pinheiro Werneck, nº 90 e 98 respectivamente. 

    Não mais havendo charretes de grande porte para guardar, a garagem (5) foi adaptada passando a abrigar apartamentos em seu interior, na parte posterior. Alteração que não compromete a preservação do monumento, até porque as grandes dimensões da edificação permitem supor ter havido aí outros usos além do abrigo de veículo ainda no século XIX, tais como depósito e/ou uma casa para empregados. O caixote construído no interior da garagem abriga dois apartamentos com acesso individuais e muito elevados do nível do solo, contudo a umidade ascendente já se atinge nível superior ao patamar das escadas.

     

    Bibliografia

    Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (RJ) - 1844 a 1885. p.630

    Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) - 1848 a 1868. Ano 1853 Edição 00207 e 00079.

    Emília G. de La Rocque - Gente de Minha Vida: reminiscências de uma octogenária - Ed. Vozes - Petrópolis - 1977.

    FERRARO, Marcelo Rosanova. Arquitetura da escravidão nas cidades do café. Vassouras, século XIX. Dissertação apresentada  PPG História Social/FFLCH, USP, 2017.

    IPHAN. Série Inventário, Vassouras, RJ. I.RJ-358.01a

    TAUNAY, Afonso de E. História do Café no Brasil Vol. 5 Tomo III 1822 - 1872. Ano: 1939 Editora: Departamento Nacional do Café

    TELLES, Augusto C. da Silva. Vassouras (estudo da construção residencial urbana). Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional n xx, 19xx . p.9 -134

     

    Cronologia e Proprietários

    João Evangelista Teixeira Leite nasceu em 15 de maio de 1807 em Conceição da Barra, Minas Gerais. Era filho de Francisco José Teixeira, barão de Itambé, e de D. Francisca Bernardina do Sacramento Leite Ribeiro, foi irmão de Francisco José Teixeira Leite (barão de Vassouras) e do Comendador Joaquim José Teixeira Leite e tio de Eufrásia Teixeira Leite. Casou-se, em 26 de outubro de 1837, com Ana Bernardina de Carvalho (1816–1851), filha do 1º Barão do Amparo, com quem teve os filhos João Evangelista Teixeira Leite Júnior (1839−1912), Amélia Eugênia Teixeira Leite (1841−1924), Francisco Augusto Teixeira Leite, Francisca Bernardina Teixeira Leite, Ana Bernardina Teixeira Leite (1847−1895); Joaquim José Teixeira Leite, Paulina Teixeira Leite e Américo, falecido aos 10 anos de meningite.

    Foi um dos primeiros estudantes do curso jurídico de São Paulo, porém não concluiu por conta de uma enfermidade, e mais tarde se dedicou a vida comercial. Ocupou cargo de Juiz de Paz em Vassouras, além de todos os outros cargos de eleição popular. De 1848 a 1852, exerceu a presidência  da Câmara, quando iniciou  a construção da Casa de Câmara e Cadeia. Além disso, dirigiu e administrou a construção da Santa Casa de Misericórdia. Foi considerado um grande capitalista da vila de Vassouras, assumindo a diretoria e posteriormente a presidência do Banco Comercial e Agrícola. Foi sócio na casa bancária dos Srs. Teixeira Leite & Carvalho, localizada na rua Direita n.75, com seu irmão  Joaquim José Teixeira Leite e Manoel Gomes de Carvalho, o barão do Rio Negro, e cujo capital era de 1:000.000$. Firma Teixeira Leite & Co. com o capital de 200.000$. Possuía também ações no Banco do Brasil e Estrada de Ferro Dom Pedro II. Faleceu na estalagem do Joaquim do Alto dia 15 de março de 1861, quando retornava do Rio de Janeiro

    Sua residência foi a chamada Casa das 14 Janelas, em frente ao largo da vila, na rua Direita e com fundos até a rua Bonita e fora edificada em terreno pertencente ao patrimônio de Nossa Senhora da Conceição, avaliada em 14:000$000, e sendo também fazendeiro no município de Barra Mansa. Faleceu na estalagem do Joaquim do Alto em 15 de março de 1861.

    João Evangelista Teixeira Leite. Localização: Casa da Hera, Vassouras, RJ.

    1861 – Com a morte de João Evangelista, a casa passa a ser propriedade de seus herdeiros.

    1961 – Era proprietário o sr. Horácio de Carvalho Junior.

    1965 – Morou por algum tempo na casa, enquanto procurava propriedade para comprar, na região. o Príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança (Chefe da Casa Imperial do Brasil, (1921−1981); bisneto de D. Pedro II; neto da Princesa Da. Isabel; filho do Princepe D. Luiz)  com a esposa Princesa Da. Maria Elizabete Francisca Josefa Tereza de Scheuern Wittelsbach e Croy-Soire e 12 filhos, 

     

    Observações

    Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2020

    Pesquisa e edição:  Ornella Savini (Pibic/FCRB).

    Edição imagem: Sávia Pontes (Pibic/FCRB).

    Colaboração: Louhana Oliveira (Pibic/FCRB).

     

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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