Estudo de reconstituição da casa do Barão de Vassouras, edifício emblemático de Vassouras, hoje descaracterizado, a partir de um conjunto de testemunhos e documentos. Dois descendentes que a frequentaram, o neto historiador Afonso de Taunay e o bisneto arquiteto Augusto da Silva Telles, produziram estudos sobre a presença da família Teixeira Leite, que ocupou o imóvel até os anos 1980. Contou-se também com registros fotográficos domésticos, relatórios técnicos do Iphan e dissertação acadêmica de Marcelo Ferraro.
Enquadramento Histórico e Paisagístico
Extensa casa térrea mandada construir por Francisco José Teixeira Leite, futuro Barão de Vassouras (1804-1884), em data anterior a 1847, em uma ampla chácara de sua propriedade, vizinha àquela que havia cedido para a Irmandade da N. S. da Conceição. Segundo tradição familiar, o risco teria sido de seu irmão Carlos Teixeira Leite, que também teria construído sua residência naquela rua, hoje demolida.
Situada em terreno de esquina, na rua Barão de Vassoura, em frente a atual Praça Eufrásia Teixeira Leite, 15. Possuía originalmente um jardim em toda sua extensão e, aos fundos, imensa área arborizada, com um amplo quintal, atualmente muito reduzido por ter sido desmembrado pelos herdeiros do Barão e vendido em lotes a terceiros.
Morfologia e Composição
Fachada
Descrição das fachadas segundo relatorio tecnico do IPHAN, de 2008: "Apesar de pouca ornamentação e poucos relevos, as fachadas possuem simetria na composição, esquadrias equidistantes, janelas com vergas retas. Platibanda e cimalha presentes em fachadas de estilo neoclássico, a platibanda tem balaústres entalados, estílobatas, e frisos. A platibanda foi edificada em pedra de mão com revestimento em argamassa à base de cal e areia. Alguns cunhais são em pedra aparelhada ou até esculpida em forma de pilar, outros são em alvenaria revestida com argamassa e outros com embasamento em pedra aparelhada e o restante do corpo em argamassa. No caso da Casa do Barão cabe esta última descrição com o embasamento em pedra e o restante em alvenaria em pedra de mão, acompanhando o restante da alvenaria das fachadas frontais, revestida em argamassa à base de cal e areia. Ressalte-se a existência de uma almofada em alto relevo no "fuste" dos cunhais como elemento decorativo. Cimalha e beiral -- elemento de acabamento e sustentação do beiral da platibanda a cimalha da casa é composta por frisos retos e alturas diferentes. Não se identificou nenhum tipo de acabamento sobre o beiral como telhas ou cerâmicas.
A cornija inicia abaixo de um friso tipo cambota que pertence a cimalha. Cornija simples com frisos retos compondo o restante da fachada. Embasamento -- componente que integra a fachada o acabamento do embasamento da casa foi construído com pedras aparelhadas e argamassa. Possui linhas retas, sem elementos decorativos, reentrâncias ou saliências. O destaque é feito pela própria espessura de sua composição que confere a edificação a evidência da existência do porão e um "ar" de imponência à casa como característica das fachadas neoclássicas."
Elementos de Composição, portas e portais
Nos elementos da fachada seria notável o uso da platibanda e da calha interna. A platibanda era formada por painéis decorados com balaústres modelados em meia figura, encaixados entre plintos. Estes painéis eram arrematados na parte superior por uma estreita faixa de molduras proeminentes.
As janelas, que se distribuem pela fachada com aproximadamente a mesma largura dos vãos, com vergas retas com guarnições de madeira lavrada. estas janelas seriam compostas por caixonete e aduela na parte interna e cercadura na parte externa em madeira aparelhada. A vedação era feita com seis folhas, sendo: duas folhas de abrir cegas internas e almofadadas; duas folhas intermediárias tipo guilhotina e duas folhas externas de abrir tipo veneziana.
Alguns vãos, como a porta de entrada, no eixo da fachada, possuiam verga em arco pleno. Segundo uma vistoria realizada pelo IPHAN., esta porta de entrada teria esquadria com bandeira fixa em arco pleno caixilharia e vidro transparente com duas folhas cegas almofadadas de abrir.
Os assoalhos muitas vezes se prolongavam em tábuas largas sem interrupção de um cômodo para o outro, passando por baixo das paredes internas (TELLES, 1968). Os rodapés eram formados por simples tábuas, com aproximadamente 20 cm de altura. Os forros eram, na maioria dos casos, de madeira do tipo saia camisa, assentados com cimalhas detalhadas, e algumas vezes com florão central. Na casa apareciam na parte íntima, portas de calha sem bandeiras, de uma e de duas folhas por vão.
Programa Interior
Sua planta se dispunha em forma de U, com pátio ao centro e para o qual as salas íntimas da residência se abrem através de portas envidraçadas com vergas em arco pleno. Apresentava um corredor que ligava a porta de acesso externo ao pátio dos fundos, formando um eixo, em torno do qual se dispunham os vários grupos de compartimentos: o comercial, o social e o doméstico.
Segundo TELLES (1968) e com base na planta manuscrita por ele mesmo, dois salões frontais se localizavam ladeavam o vestíbulo de entrada, à direita o escritório comercial e à esquerda a sala de visitas. Um setor intermediário de alcovas dividia esses espaços sociais dos íntimos mais ao fundo, onde se dispunham a sala de jantar, quartos e setores de serviço, que se abriam nos fundos para o quintal.
Segundo TAUNAY, o Barão de Vassouras trouxe para a casa consigo a mobília da fazenda da Cachoeira, que seria composto por móveis de mogno de “estilo do mobiliário francês sob Luiz Philippe” e procedência parisiense, com encostos e espaldares entalhados com desenhos de uvas, peras, figos e outras frutas europeias esculpidas.
Salas de Receber
Estes dois salões eram amplos e grande parte de seu mobiliário, com esculpidos no encosto, provavelmente eram de origem estrangeira e teriam pertencido à Fazenda da Cachoeira. No relato de Taunay,ha descrição da distribuição dos móveis na sala e suas características.
Ao sofá e às cadeiras acompanhavam a mesa redonda e os quatro consolos. Apresentavam estes últimos em projeção horizontal, curiosa combinação de linhas curvas, salientes e reentrantes. O descendente do Barão ainda ressalta que na época “Em alto relevo se incrustavam ás paredes frutas abundantes, com as cores naturais, pêssegos e maçãs, peras, figos, etc.”
O salão apresentava forro de estuque. O lustre de bronze dourado primitivo fora substituído pelo Barão de Vassouras por outro de cristal polido a mão, colocado como “uma peça muito deslocada de seu ambiente naquela sala singela do casarão de Vassouras de assoalho tosco de tabões largos.” Tinha talvez trinta e seis mangas delicadamente gravadas e uma infinidade de pingentes da mais pura água.
O salão apresenta um enorme espelho retangular “com boas molduras, bem douradas a fogo, mas com os vidros, de medíocre qualidade, o que lhes atestava a ancianidade” e vários retratos à óleo, também com molduras douradas.
Alcovas
Quartos
Segundo Taunay, os quartos contavam com as peças mais nobres do mobiliário, Em meio a mobiliario mais simples, “surgia de repente, algum belo toucador desgarrado, alguma linda escrivaninha erradia, a cuja confecção presidira o gosto e a delicadeza dos artistas de França.” Apresentavam camas imensas, com cabeceiras maciças e pesadas. Os lavatórios e as cômodas de características semelhantes, fabricados com uma variação de dimensões e de madeiras.
O puxado de três quartos da ala esquerda foi de construção posterior à construção da morada. Em um dos quartos dessa ala, constava um detalhado lavatório de louça, montado sobre armação de madeira.
Salas de Almoço e de Jantar
Era considerado o cômodo mais importante do setor familiar. A sala de jantar formava com a sala de almoço, um único amplo ambiente, interligadas por uma larga porta de quatro folhas, bandeira de vidraça e verga em arco batido. De grandes dimensões, era alongada e se abria para o jardim ou para a varanda através de janelas ou portas amplas, para receber numerosos convivas. Esta porta formava um conjunto com três outros vãos, duas janelas com peitoril baixo e uma porta, todas envidraçadas, tendo vergas em arco pleno e que se abrem para o terraço.
O mobiliário do cômodo constituía de primitiva e longa mesa de refeições, medindo cerca de sete metros de comprimento. Este móvel era o centro de sociabilidade da casa, em torno dela se sentavam “ao almoço e ao jantar, pessoas da família, amigos e hospedes do dono da casa, simples apresentados ou transeunte ocasionais.” A narração do descendente ilustra este ambiente:
“E as reminiscências nos acodem, dos dias da infância, evocando-nos a presença do anfitrião à extrema direita da cabeceira de sua mesa com o seu ar de extraordinária dignidade a que de, todo, não excluía a mais urbana cordialidade. Servia ele próprio ou fazia servir os convivas daqueles repastos de numerosos pratos estendidos à brasileira, sobre a mesa, travessas enormes de arroz e de aipim, terrinas de feijão, pratarrazios de couve à mineira, taioba e angú e fubá, de ovos estalados, ao lado das grandes farinheiras de milho e mandioca. As carnes se representavam pelos bifes de vaca, os lombos de porco e as galinhas. O arroz de forno com capão representava um prato de triunfo dos dias de grande festa, que competia em apreço com o perú. Mas a mesa era muitíssimo mais de vegetarianos do que de carnívoros! E sobretudo de abstêmios. Raros os que molhavam os lábios com o vinho do Porto das garrafeiras de altos gargalos e chapas de prata. (...) Nenhum constrangimento existia naquela grande mesa em que todos conversavam à vontade.” (TAUNAY, p.210)
Apresentava também amplos guarda-louças, além de dois armários embutidos; um dos quais, constitui um verdadeiro compartimento; “No recinto de suas taboas, extraídas dos largos troncos das mais ricas essências florestais fluminenses empilhava-se a enorme louca da casa, da mais fina porcelana francesa, aparelho imenso, capaz de servir em banquetes a dezenas de convivas.” (TAUNAY, p. 211)
Citados e descritos em relatórios técnicos do IPHAN, havia os armários embutidos que serviam como guarda louça, roupeiro e cristaleira para as salas destinadas ao convívio social da casa e uma capelinha. Construídos em nichos nas paredes e em divisórias próximos às portas voltadas para as salas a que serviam. Os armários possuiam laterais e prateleiras em madeira com duas portas que eram iguais as portas internas com bandeira fixa com caixilho e vidro transparente e folhas móveis com caixilho e vidro transparente e base almofadada. Quanto a capelinha era vedada em duas filhas móveis e bandeira em arco.
Terraço
As portas da sala de jantar se abriam para um largo terraço, com piso em placas quadradas de mármore polido, nas cores preto e branco, com trechos em massa cimentícia formando um "tabuleiro"e as soleiras das portas de acesso à casa são em mármore branco. As paredes são forradas de azulejos portugueses de figura avulsa, formando barra, o qual se comunica com o jardim por uma escada de granito.
Descritas pelo IPHAN, as janelas nas fachadas da varanda seriam compostas por quatro folhas duas de abrir e duas fixas, verga em arco pleno bandeira fixa em caixilharia. As folhas e a bandeira eram em vidro transparente. A porta de acesso a varanda teria esquadria com quatro folhas sendo duas de abrir e duas fixas, verga em arco pleno bandeira fixa em caixilharia com vidro transparente. As folhas seriam em caixilho de vidro transparente com almofada na base. O piso externo quintal era em ardósia e em placas de granito bruto, em forma diferenciados, que foram intervenções em época mais recente, portanto não originais.
Jardim e Horto
Havia um pequeno jardim decorativo à frente da residência, eliminado em função da obra de remodelação da cidade e alargamento da rua. A casa abrigava um pátio interno, seguido de um grande quintal se localizava nos fundos do terreno, composto de pomares com caminhos empedrados, escadaria de pedra e “plateaux”, vencendo os desníveis do terreno, todo ele coberto de árvores frutíferas, mangueiras, jabuticabeiras, jaqueiras, etc. Além disso, a casa possuía junto ao quintal, jardins para flores e arbustos ornamentais, bem como pátios empedrados, utilizados pela senzala e o serviço doméstico.
Senzala
A Casa do Barão de Vassouras preserva ainda sua senzala, e segundo o IPHAN, “essa a única que se tem notícia no espaço urbano do Império”. Seus elementos originais consistem em paredes de adobe, telhado em telha capa e bica.
É uma edificação separada da casa, situada no fundo do terreno, com acesso pelo pátio interno, que pode ser vista na planta de localização abaixo. Possui características diferentes da casa principal, pois passou por diversos processos que a descaracterizaram tanto na arquitetura (parte interna e externa) como no uso de técnicas e materiais diferentes dos originais. Ainda existem alvenarias em adobe, inclusive esteios em madeira, e paredes em pedra. Quanto aos respectivos revestimentos das alvenarias poucos são originais. Parte das paredes em adobe está sem revestimento e os blocos estão pulverulentos. Parte dos esteíos de madeira também está aparente deixando a madeira em completa exposição às intempéries e aos cupins.
Porão
Segundo o Iphan, as paredes periféricas do porão servem de apoio para o nível do sobrado, estas são em sua maior proporção de alvenaria de pedra mas também identificamos trechos em adobe e enxertos em tijolo maciço. Este porão se estendia por toda a projeção da casa, incluindo a senzala, e com conexao direta ao patio interno e área de serviço.
Observam-se três tipos de piso nessa parte da casa que são: piso cerâmico, que foi colocado para o uso de uma boate na década de 1990 – cuja planta se apresenta abaixo –, piso cimentado e uma terceira parte em terra batida. Após a desativação da boate o piso cerâmico e o cimentado, que não eram originais, não foram removidos.
Documentação
Abaixo apresenta-se a planta do levantamento da casa realizado pelo arquiteto Augusto Silva Telles, bisneto do Barao, com a identificação dos cômodos. Este levantamento foi utilizada para a confecção na reconstituição da planta original efetuada pelo IPHAN em uma das restaurações da casa.
Os quadros ficavam pendurados nas paredes dos salões sociais de visita e de negócios, retratando varios membros da família Teixeira Leite, como o Barão e a Baronesa de Vassouras, o Barão e a Baronesa de Itambé, entre outros.
Faz-se notável também os móveis da casa, em que hoje em dia estão sendo leiloados pelos netos de Augusto Silva Telles, na coleção do casal Affonso e Ana Maria, sendo ele filho do endocrinologista Gilberto Teixeira Leite da Silva Telles.. Dr. Gilberto, era neto do Barão de Vassouras, que em segundo matrimônio com Ana Alexandrina Teixeira Leite Guimarães, tiveram a filha, D. Eugênia Cristina, que vem a ser a mãe de Dr. Gilberto.(https://www.galeriaalphaville.com.br/leiloes/185/catalogo?page=1)
Algumas das peças que colocaram à venda, chamando a atenção para a cômoda escrivaninha, pertenceram ao Barão, tendo esta feito parte do dormitório de sua casa na cidade de Vassouras. Antiga e importante cômoda com alçada de madeira nobre em dois tons, parte inferior com três gavetões e três gavetas menores, tampo dobrável com apoios laterais deslizantes para escrita, parte superior com duas portas tendo gavetinhas e escaninhos internos. Saía com recortes e apoios em quatro pés torneados.
Bibliografia
FERRARO, Marcelo Rosanova. Arquitetura da escravidão nas cidades do café. Vassouras, século XIX. Dissertação apresentada PPG História Social/FFLCH, USP, 2017.
IPHAN. Série Inventário, Vassouras, RJ, Casa à Praça Eufrásia Teixeira Leite, n15. I.RJ-366.01a
IPHAN. Série Inventário, Vassouras, RJ. I.RJ-358.01a
MARTINS, Maria Fernanda. Os tempos da mudança: elites, poder e redes familiares no Brasil, séculos XVIII e XIX. In: Conquistadores e Negociantes. FRAGOSO, CARVALHO e SAMPAIO (Org). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
TAUNAY, Afonso de E. História do Café no Brasil . Vol. 5 Tomo III 1822 - 1872. Rio de Janeiro, Departamento Nacional do Café, 1939.
TELLES, Augusto C. da Silva. Vassouras (estudo da construção residencial urbana). Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no 16, 1968 . p.9 -134
Cronologia e proprietários
Francisco José Teixeira Leite, barão de Vassouras, nasceu em São João del Rei em 13 de novembro de 1804. Era filho de Francisco José Teixeira, primeiro barão de Itambé e de Francisca Bernardina do Sacramento Leite Ribeiro. Em 1830, casou-se com sua prima Maria Esméria Leite Ribeiro (1814–1850), com a qual teve sete filhos; viuvo, casou-se, em 1851, com outra prima, Ana Alexandrina Teixeira Leite, com quem teve mais onze filhos.Era sobrinho do barão de Aiuruoca, sogro do visconde de Taunay e irmão de Joaquim José Teixeira Leite – presidente da Câmara Municipal e 1844 –, sendo também o tio de Eufrásia Teixeira Leite.
Foi um dos pioneiros da fundação da cidade de Vassouras, no qual enriqueceu como capitalista, político e fazendeiro, principalmente através de atividades com empréstimos de dinheiro com juros e dívidas públicas. Dono da Fazenda Cachoeira Grande – cortada pela Estrada da Polícia –adquirida por meio do dote de sua primeira esposa. Manteve a propriedade até 1850, época em que possuía 250.000 pés de café, quando vendeu e se estabeleceu, por fim, na casa em frente à praça da Igreja Matriz e da Câmara, onde exerceu maior força política.
Através de redes de sociabilidade e parentesco, estratégicas para a extensão de sua família, possuía conexões com as elites locais de Vassouras e as elites da Corte, com os quais conseguiu apoio para a instalação do transporte ferroviário em Vassouras. Seu patrimônio resultou em um total de 3:600:000$000, recebendo então, em 1871, o título de Barão de Vassouras. Faleceu em 2 de maio de 1884 na cidade de Vassouras.
1834 – Época provável da construção da casa para moradia urbana de Francisco José Teixeira Leite e família
1850 – Morte de Maria Esmeria Leite Ribeiro, e estabelecimento do inventário dos bens do casal, que tinha como descendência 2 filhas e 5 filhos. Relação dos bens da Fazenda da Cachoeira
1884 – Morte de Francisco José Teixeira Leite, o Barão de Vassouras, deixando vivos 13 filhos, sendo 2 ainda menores.
1910 – Alteração da fachada da casa, para alargamento da antiga rua do Comércio, então rua Barão de Vassouras., quando foram eliminados o jardim colado à fachada e os degraus com patamar de entrada na casa.
1933 – Fixação na fachada do prédio, em 1933, de placa em bronze comemorativa da assinatura, por D. Pedro II, do contrato para a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, atual Central do Brasil, em uma de suas salas.
1934 – Corte de área posterior grande chácara para abertura de uma rua, hoje parcialmente dividida em lotes
1958 – Tombamento do conjunto arquitetônico urbanístico pelo IPHAN em 26 de junho, pelo Processo 566-T-57, inscrição no18, Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
1971 – Início do processo de desapropriação da Casa do Barão de Vassouras (MEC-277492/68), imóvel que pertence, nesta data, à família Silva Telles. O decreto declara de utilidade pública para fins de desapropriação e para ser preservado como patrimônio histórico. Nesta data, a Casa do Barão seria entregue à Fundação Universitária Sul-Fluminense.
1972 – Contestação dos herdeiros junto ao ministro Jarbas Passarinhos sobre a cessão da casa para uma instituição de ensino.
Desde então ficou em aberto o processo de restauração e desapropriação da casa, esta que mudou de dono algumas vezes e passou por diversas obras de manutenção. O descontentamento da família com a desapropriação do imóvel fez com que os herdeiros da casa não a concedam à Universidade Federal Sul Fluminense, defendendo que esta não teria uma tipologia adequada para comportar um estabelecimento de ensino. A casa então passa por algumas reformas autorizadas pelo IPHAN até ser vendida para a transportadora Carvalheira Transporte e Turismo. Em sua posse, a transportadora abandonou a residência e realizou obras no local que descaracterizaram o bem tombado, além de instalar uma boate de grande porte.
Desse momento em diante, o imóvel ficou sob judice federal e interditado sem conservação e manutenção. Em 1995 o Banco Porto Real recebe o imóvel como pagamento de dívida, no entanto este novo proprietário também não preserva a casa.
O desfecho não é evidente, porém são notáveis os esforços do IPHAN para a recuperação e restauração da casa. O instituto tinha planos de tornar o imóvel em um centro cultural, desde atendesse às exigências da aprovação do projeto de restauração. Em 2010 o IPHAN firmou contrato com uma empresa de arquitetura para o projeto básico de recuperação da casa, e algumas vistorias de danos vem sendo realizadas desde então.
Em agosto de 2020, é anunciado convênio entre o Iphan e a Prefeitura de Vassouras, com recuros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para realização de obras de restauração do imóvel, com previsão de execuação em dois anos.
Observações
Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2020
Pesquisa e edição: Ornella Savini (Pibic/FCRB).
Edição imagem: Sávia Pontes Paz (Pibic/FCRB).
Colaboração: Louhana Oliveira (Pibic/FCRB).