É provável que o responsável pelo projeto inicial tenha sido o primeiro proprietário, Annibal Antunes Maciel Júnior (1838-1887) — barão de Três Serros (1884), formado em ciências físicas e matemáticas. A manutenção e reformas que o prédio recebeu, a partir do início do século XX, contaram com pintores, carpinteiros, pedreiros e decoradores. Os registros manuscritos apontaram, com maior frequência, o trabalho de Gustavo Adolfo Peters, pintor e empreiteiro; de João Rodrigues, carpinteiro e pedreiro; e de Eric Ludwig, empreiteiro e pedreiro.
O Museu Municipal Parque da Baronesa está localizado na cidade de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, no atual bairro Areal, em terreno limitado, ao Norte, pela Av. Domingos José de Almeida, a Leste, pela Av. São Francisco de Paula (avenidas que formam os principais eixos do bairro), ao Sul, pela Rua Menna Barreto, e a Oeste, pela Rua Alcides Torres.
No início do século XIX, essa região foi consagrada aos estabelecimentos de charqueadas – manufaturas que produziam carne salgada, com base na mão de obra escravizada - e impulsionaram o desenvolvimento da cidade. Na segunda metade dos 1800, já havia subdivisões nos extensos terrenos, sendo a Chácara da Baronesa, ou Parque Annibal, uma delas. A área original se estendia em direção ao Sul, até a Estrada de Baixo, atualmente, Av. Ferreira Viana.
Em meados do século passado, a urbanização intensificou-se e o entorno do imóvel, aos poucos, perdeu seu aspecto de transição entre a zona urbana e a rural.
O aspecto atual da residência eclética, construída pelo Barão de Três Serros, apresenta-se em planta quase quadrada, subtraída, na fachada principal, pelo vazio de um alpendre recuado e ajardinado que leva ao salão de festas (ou sala de jantar), e, aos fundos, por um amplo pátio de serviços, cujo acesso levava aos quartos dos empregados.
Recuada da fachada principal, encontra-se uma camarinha, com dois pavimentos. Logo após, no mesmo eixo da camarinha, existe um terceiro pátio, interno, onde se localiza o algibe, uma cisterna que capta água das chuvas.
Nos fundos da edificação estão mais dois acessos externos, que, além de entrada e saída, possibilitam alcançar uma torre com escada lateral, de base cilíndrica e parte superior com seção hexagonal, chamada “casa de banho”. Essa construção possui três pavimentos: no primeiro, ao rés do chão, antes havia uma cisterna, hoje lacrada; no segundo, encontra-se uma banheira; e, no terceiro, um reservatório de água desativado.
O parque possui duas entradas, pelas avenidas principais, com composição de influência inglesa com extenso gramado, gruta com pedras de quartzo, canaletes, pontes, ilha, um local para criação de coelhos na forma de um pequeno castelo e um bosque onde predominam eucaliptos, com dois pequenos lagos e vias sinuosas. Também há uma residência de dois andares, estilo “bangalô americano”, construída em torno de 1935, onde funciona uma das secretarias da estrutura administrativa do município.
Junto à fachada norte da casa principal, há um jardim de inspiração francesa com chafariz e canteiros com traçado simétrico.
A elevação da edificação está dividida em três faixas horizontais.
A base é formada por soco que se sobressai à parede, com acabamento em argamassa de cimento chapiscada e gateiras que ventilam os vãos sob o piso de tábuas de madeira.
O corpo possui paredes lisas e seis janelas distribuídas em ritmo regular, simetricamente separadas pela porta de entrada. Todas as janelas apresentam caixilhos em madeira, com postigos e folhas envidraçadas, verga em arco pleno e bandeiras com vitral colorido, exibindo motivos florais, e molduras em argamassa. A porta, com duas folhas de madeira, possui verga em arco pleno e bandeira envidraçada com maiores dimensões e, também, moldura em argamassa decorada na porção superior. Coroamento e corpo estão unidos por cimalha com frisos salientes.
A platibanda cega é ornamentada por elementos em argamassa - pilastras e molduras ovais -, arrematada, na parte superior, por friso liso e saliente e por sete esculturas em faiança.
Em plano recuado, se eleva a camarinha, composta por três janelas em verga reta, caixilhos em madeira, vidraças em guilhotina, arrematadas por moldura de argamassa; o acabamento da parede lisa se dá por dois cunhais; a cimalha, com frisos lisos e salientes, na parte superior, é encimada por frontão, que tem ao centro uma moldura oval em argamassa, e duas esculturas em faiança nas laterais.
A fachada principal é interrompida pelo jardim de acesso ao alpendre ornamentado e que leva ao salão de festas
No jardim há uma pequena fonte construída com cristais brutos sustentados por argamassa que imita pedra, encimada por escultura de dois putti, em faiança; janelas e portas se abrem para esse espaço. Ao fundo, se encontra o alpendre protegido por telhado em duas águas, arrematado por frontão em madeira e lambrequim metálico com ornatos vazados, apoiado em finos pilares de madeira, sextavados.
A fachada da lateral norte exibe onze janelas distanciadas regularmente entre si, com as mesmas características daquelas encontradas na fachada principal. Os outros elementos formais e construtivos se repetem da mesma forma.
A fachada oeste, ao fundo da casa, exibe parede lisa e sem ornamentos, com janelas, em madeira ou metal, e uma porta de madeira e vidro. Os vãos são emoldurados em argamassa. Um portão com grades de ferro faz o fechamento do pátio de serviço.
A fachada sul possui parede cega.
A face oeste da camarinha é a única onde se observam as aberturas do pavimento intermediário.
Os pormenores decorativos, remanescentes na edificação, destacam-se por meio das telhas cerâmicas de capa e canal, as bandeiras com vidros coloridos, a pequena gruta incrustada de cristais, quatorze esculturas portuguesas em faiança, originárias da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devesas, e gradis em ferro.
Documentos históricos do acervo do Museu Municipal Parque da Baronesa/Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura Municipal de Pelotas
Documentos administrativos do Museu Municipal Parque da Baronesa/ Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura Municipal de Pelotas
Inventários da família Antunes Maciel - Arquivo Público do Rio Grande do Sul
ABUCHAIN, Vera Rheingantz; BETEMPS, Leandro Ramos (orgs.). Cadernos do IHGPEL - A visita da Princesa - 1885. Pelotas: UFPel, 2011.
BACHETTINI, Andréa Lacerda. Análise das estampagens nos azulejos tradicionais de Pelotas e zona sul do Estado. 1995. Monografia (Licenciatura em Artes) - Instituto de Letras e Artes, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1995.
CARVALHO, Mario Teixeira de. Nobiliário Sul-Riograndense. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1937.
CATÁLOGO DA FÁBRICA CERÂMICA E DE FUNDIÇÃO DAS DEVEZAS. Vila Nova de Gaia, Portugal, 1910, 37p.
CHEVALIER, Jean. Dicionário dos Símbolos, 18 ed., Rio de Janeiro, 2003.
DOMINGUEZ, Andréa do Amaral. Ladrilhos hidráulicos: bens integrados aos prédios tombados de Pelotas-RS. 2016. Dissertação (Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural) - Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.
GUTIERREZ, Ester J. B. Barro e Sangue: mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas. (1777-1888). Pelotas: Universitária, 2004.
MACHADO, Zeila. Embrechado: uma abordagem iconográfica na parede do jardim da casa 34 na cidade de Salvador. 20º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 2011, Rio de Janeiro. Anais do Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Rio de Janeiro: ANPAP, 2011, p. 3023-3035.
RIBEIRO, Nelson Pôrto; CASER, Karla do Carmo. A ‘reconstrução da natureza’ nos jardins românticos cariocas do século XIX: história e tecnologia. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-gradução em Arquitetura e Urbanismo - arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva. São Paulo. 2014.
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SCOLARI, Keli Cristina. Esculturas em Faiança Portuguesa existentes nos Casarões do Centro Histórico da Cidade de Pelotas, RS. 2012. Dissertação (Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural) - Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.
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YUNES, Gilberto Sarkis. Azulejaria no Patrimônio Arquitetônico do Rio Grande do Sul. Pesquisa desenvolvida com o apoio da FAPERGS, do CNPQ e do Programa Especial de Treinamento – PET/CAPES. Universidade Federal de Pelotas. Instituto de Letras e Artes. Pelotas,1995.
Joaquim Manoel Teixeira (c.1825-1830); família Antunes Maciel (c. 1840-1978); Prefeitura Municipal de Pelotas, a partir de 1978.
c. 1825 - 1830 – No terreno funcionava uma charqueada, pertencente a Joaquim Manoel Teixeira. O local era conhecido por Sotéa do Joaquim Manoel.
c. 1840 a 1871 - A propriedade pertencia ao Coronel Annibal Antunes Maciel e sua esposa, Felisbina da Silva Antunes, e foi relacionada no inventário post-mortem da esposa, com a seguinte descrição: um terreno e uma casa de moradia, denominada “Sotéa”.
1871 - O terreno e a casa foram herdados por Annibal Antunes Maciel Júnior e Amélia Hartley Antunes Maciel, futuros barões de Três Serros.
1871 - 1887 - Os novos proprietários transformaram o local na chácara chamada “Parque Annibal” e ali estabeleceram sua residência.
1887 – Com a morte do barão, a viúva Amélia Hartley Antunes Maciel, herdou a propriedade.
1890 – Casamento da filha mais velha dos barões, Amélia Annibal Antunes Maciel (Sinhá), com Lourival Antunes Maciel, filho de Elyseu Antunes Maciel. O casal passou a dividir a moradia da chácara com a baronesa Amélia e se iniciou um período de constantes serviços de melhorias e manutenção. A família intercalava períodos em Pelotas e no Rio de Janeiro.
1896 - 1917 - A morada recebeu pintura e caiação, interna e externa, serviços de carpintaria e alvenaria, troca de vidros, colocação de papel de parede, trabalhos de decoração e compra de mobílias.
1919 - Falecimento de Amélia Hartley Antunes Maciel, no Rio de Janeiro; Amélia Annibal e Lourival Antunes Maciel assumem as melhorias e conservação da chácara.
1920 - 1921 – Compra de azulejos e tintas no Rio de Janeiro; reforma da ala direita da casa, com trabalho de pintores, pedreiros, carpinteiros e decoradores; instalação completa da luz elétrica, com lustres e lâmpadas; reforma das janelas do passadiço com peitoris de mármore e vidros ingleses – Paulo Rodrigues e Gustavo Peters; compra de mobiliário, objetos e tecidos para decoração.
1922 - 1923 - Reforma da ala esquerda da casa, com cozinha nova, passadiços, correr de quartos de serviço no pátio e mais benfeitorias: encanamentos d'água, quarto de banho completo (adquirido do Rio); colocação de azulejos e ladrilhos hidráulicos; serviços de carpintaria e pinturas – João Rodrigues e Gustavo Peters.
1928 - 1929 – Compra e colocação dos azulejos da sala de almoço, por João Rodrigues (Rodrigues & Cia.).
1931 – Escritura do Parque Annibal em nome Amélia Annibal Hartley Maciel.
1948 a 1966 - Amélia Annibal Hartley Maciel (Sinhá), viúva. O uso do local tomou características de casa de veraneio, recebendo cuidados de manutenção que possibilitavam seu uso. A maioria dos familiares havia fixado residência no Rio de Janeiro.
1966 - A propriedade foi herdada pelos filhos e netos de Sinhá e Lourival Antunes Maciel, entrando em declínio.
1978 - Parte da chácara foi transferida à tutela do município para transformar-se em museu e parque público, após uma grande reforma.
1982 – Inauguração do Museu Municipal Parque da Baronesa.
1985 – Tombamento municipal da antiga chácara e suas edificações.
2018 – Tombamento federal do Parque da Baronesa e suas edificações.
Termo de Tombamento Municipal, como patrimônio histórico e cultural – 1985, assinado pelo Prefeito Bernardo de Souza.
Tombamento pelo IPHAN como integrante do Conjunto Histórico de Pelotas (RS), em maio de 2018, no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo de Belas Artes - Processo de Tombamento nº 1512-T-03.
Coordenação referente à Chácara da Baronesa: Annelise Costa Montone.
Texto: Annelise Costa Montone; Clarissa Martins Neutzling; Carina Farias Ferreira; Ana Carolina Fernandes da Silva e Luiza Ribeiro Santana.
Fotografias: Acervo administrativo do Museu da Baronesa; Clarissa Martins Neutzling; Carina Farias Ferreira; Luiza Ribeiro Santana, Ana Carolina Fernandes da Silva e Marcelo Madail.
Plantas: Acervo administrativo do Museu da Baronesa e Clarissa Martins Neutzling.
Apoio: Sávia Pontes Paz (Faperj, FCRB)
Programa geral, tipologia e planta
A Casa da Baronesa é uma residência constituída de um pavimento térreo com planta em formato quadrado, sendo esta forma repetida nos outros dois pavimentos, porém em menor dimensão. A cobertura é composta por telhas em cerâmica do tipo capa e canal com disposições de quatro, três e duas águas e fechamento em platibanda nas fachadas lateral norte, principal leste e lateral sul do salão.
Piso 0
A disposição da planta térrea da antiga residência desempenhava funções plurais da família sendo constituída de área social, área privada e área funcional. Todos esses três zoneamentos se encontram no pátio interno e central da Casa, caracterizado pela presença de um algibe.
O domínio social é concentrado na ala leste do pátio interno e incluía duas salas de estar, um escritório, uma sala de bilhar e uma sala de jantar. O ingresso para a sala de jantar era feito por um jardim caracterizado como acesso secundário à Casa.
A área íntima da família localizava-se na ala norte do pátio interno e era composta pelo quarto de vestir, reservado somente às mulheres, quarto do casal e mais três quartos para os filhos. Os quartos mantêm ligações por um corredor linear. A área íntima possuía duas exceções em relação à localização que são o quarto de banho e a sala de almoço - o primeiro estabelecido a oeste do pátio interno e o segundo a leste do mesmo pátio, respectivamente.
O âmbito funcional da Casa estava localizado ao sul do pátio interno e comportava a rouparia, a copa, a despensa e a cozinha. Tanto a copa quanto a cozinha faziam ligação direta com um corredor de acesso à sala de almoço. Este mesmo corredor tinha conexão com o jardim que funcionava como acesso de funcionários e que interagia com a dependência de empregados.
Piso 01
Piso 02
Pavimento 0, Divisão 1, Hall de Entrada
Painéis em meia parede com azulejos de motivo floral, estilo Art Nouveau em relevo prensado, inglês (15x15cm). Possui friso, barra e rodapé na mesma técnica de produção. Os desenhos são formados por um conjunto de 5 azulejos. Comprados na década de 1920, no Rio de Janeiro, por Dona Sinhá, filha da baronesa.
Piso 0, divisão 3, escritório
Piso 0, divisão 13, sala de almoço
Piso 0, divisão 14, antiga despensa
Piso 0, divisão 17, quarto de banho
Piso 0, divisão 19, circulação
Casa de Banho
Piso térreo - 0 Divisão 06 - jardim
A fachada da entrada lateral do Museu da Baronesa apresenta uma pintura mural, com tendências classicistas em dimensões (5,37 x 3,52 - LxA) e técnica de afresco. Sua arte ornamenta a extensão superior da parede na qual se encontra. A composição do desenho representa uma paisagem urbana de origem desconhecida em cores pálidas e em tons pastéis e faz alusão a uma janela com vista.
Na parte inferior da pintura há referência a um lago com a presença de um barco em madeira que remete a uma espécie de gôndola com proteção superior, o entorno deste lago apresenta algumas árvores e arbustos e entre eles algumas casas e
sobrados. Observa-se, também, uma construção cilíndrica com presença de cúpula, que lembra um templo ou igreja..
Piso 0, divisão 01, hall de entrada
Piso do hall de entrada revestido por ladrilhos hidráulicos. São observados três tipos diferentes de ladrilhos. O mosaico situado no centro é composto por uma forma concêntrica, de motivo floral com duas margaridas situadas em dois cantos opostos, cada uma com tamanho diferente. A pigmentação cromática é composta por verde oliva, amarelo, branco e preto. Esse mosaico é envolvido por um ladrilho na mesma paleta de cores com motivos geométricos, palmeta e uma flor menor concêntrica no eixo horizontal.
O terceiro ladrilho apresenta temática floral que remete à forma de uma margarida dentro de um quadrado em diagonal e motivos geométricos art dèco. A composição cromática é formada por amarelo, vermelho, preto, branco, cinza e azul.
Piso 0, divisão 03, escritório
Escritório com piso em dois tipos de ladrilhos hidráulicos. A sala é caracterizada por um tapete de revestimento com motivos geométricos formando uma estrela de oito pontas em uma extremidade e uma forma geométrica em forma de cruz na outra extremidade, com seleção cromática em cinza, branco, vermelho, laranja e preto. Outro ladrilho presente nesse ambiente é uma faixa com motivos heráldicos e coloração em vermelho, marrom, amarelo, branco e preto.
Piso 0, divisão 03, soleira do escritório
Piso 0, divisão 6, jardim alpendre
A fonte, localizada no acesso secundário ao Museu da Baronesa, apresenta influência do estilo romântico característico dos elementos de decoração dos jardins senhoriais do século XIX. Esses espaços eram referenciados pelo termo Jardins D’agrément ou jardins de recreio, em que a composição predomina à funcionalidade.
A característica construtiva da fonte apoia-se em duas técnicas. A primeira, denominada rocaille, era usada para imitar rochas e outros elementos dos jardins, e foi bastante explorada em jardins no Brasil, entre o final do século XIX e o início do século XX. A segunda técnica presente na fonte é o embrechado, um artifício de decoração que, neste caso, utiliza cristais brutos, trazendo leveza para a técnica de rocaille. A fonte também destaca-se por sustentar uma escultura em louça representando dois puttis sobre troncos de árvores. Uma das crianças se encontra mais abaixo que a outra, ajoelhada, de costas e abraçada na segunda criança, que se observa de frente, mais alta que a primeira e segurando um pato pelo pescoço. As duas figuras estão seminuas, envolvidas por um pano.
Piso 0, divisão 11, pátio interno
Piso 0, divisão 12, passadiço
Piso 0, divisão 13, sala de almoço
Piso 0, divisão 14, depósito
Piso 0, divisão 15, copa
Piso 0, divisão 16, rouparia
A rouparia possui ladrilhos hidráulicos com motivo geométrico triângular contido por faixa em meandro. As cores deste revestimento são o preto, o branco e o laranja. Também é possível identificar os ladrilhos hidráulicos da soleira entre a rouparia e o corredor da cozinha. Sua forma são octógonos nas cores vermelho bordô e amarelo com quadrados em preto.
Piso 0, divisão 18, cozinha
Piso 0, divisão 19, corredor da área de serviço
Os ladrilhos hidráulicos, escolhidos para revestir o corredor que conecta as áreas destinadas à alimentação, fazem três composições. O tapete principal é caracterizado por uma forma quadrada que baseia um elemento central cruciforme fechado por ¼ de arco. Esta composição exibe uma temática heráldica e os pigmentos são branco, cinza, preto e vermelho bordô. O mosaico é delimitado por uma borda lisa, em tom creme e uma borda com motivo floral nas cores branco, cinza e vermelho bordô.
Piso térreo - 0 Divisão 08 - quarto de vestir
Guarda-roupa
Os móveis do quarto de vestir são em madeira na cor castanho e em estilo eclético, por apresentarem formas neoclassicistas, vitorianas e Art Nouveau. Os guarda-roupas do homem e de sua esposa são separados, levando as iniciais de cada um, em seus respectivos móveis.
As mobílias são divididas em base, corpo e coroamento, sendo este último o mais ornamentado. O frontão, presente em todos os móveis do ambiente, é adornado com madressilva sustentada por folhagens vazadas. Além disso, apresentam platibandas vazadas com balaústres e extremidades ornamentadas com pinhas, sustentadas por pedestais apoiados em colunas de ordem toscana.
O corpo dos móveis apresenta uma continuação das colunas, torneadas por anéis e espelhos nas faces frontais.
Guarda-roupas tripartido com espelhos nas portas e com gavetas inferiores. As laterais são simétricas e o centro é caracterizado por uma saliência e frontão ornamentado, onde pode-se observar as iniciais de Lourival Antunes Maciel.
Dois guarda-roupas, do mesmo conjunto, levam no frontão as iniciais de Amélia Antunes Maciel. Ambos apresentam as mesmas características do guarda-roupas tripartido, porém, com uma porta com espelho apenas e uma gaveta na parte inferior.
Em um dos móveis, existe uma pintura no espelho, que, se presume, foi feita posteriormente pela filha dos Barões, Amélia, também chamada de D. Sinhá.
Psiché
Este móvel é um Psiché, parte do conjunto, apresentando os mesmos princípios de estilo dos outros móveis do ambiente.É composto por dois módulos com cinco gavetas e tampos de mármore, dividido por um espelho.
Lavatório
Lavatório do mesmo conjunto, bastante característico nos quartos da época, apresenta tampo em mármore. O móvel acompanha a ornamentação e frontão do restante do mobiliário e apresenta, na parte inferior, nove gavetas e uma porta central com entalhes em baixo relevo.
Cadeira conversadeira
Móvel característico do século XIX, em madeira de cor castanho escura, com ornamentações em anéis nos pés das duas poltronas estofadas. As poltronas são separadas por uma mesinha redonda, através de pequenas articulações.
Abaixo da mesinha existe um detalhamento vazado, finalizado com adornos no formato de anéis.
Piso térreo - 0 Divisão 09 - dormitório do casal
Cama
A cama acompanha o estilo do restante da mobília e apresenta as mesmas características do conjunto, em estilo eclético, por apresentarem formas neoclassicistas, vitorianas e Art Nouveau.
Uma característica da época é a cama acompanhada de um dossel de teto. Na cabeceira, aparece novamente o frontão com as iniciais do casal, presente em todos os móveis do ambiente, que é ornamentado com madressilvas e sustentado por folhagens vazadas. Além disso, apresenta detalhes vazados com balaústres e extremidades adornadas com pinhas. Nos pés da cama, aparecem as pinhas e há um acabamento em relevo.
Mesa de cabeceira
Mesa de cabeceira do mesmo conjunto, de madeira em tom castanho, nos dois lados da cama. As mesas apresentam o frontão característico do conjunto com balaústres, volutas e entalhes leves, e ornamentação em motivos de estrela. Existe uma gaveta na parte superior, uma porta na parte inferior, separadas por colunas torneadas em anéis, e tampos de mármore em ambas as partes, que são atributos que remetem ao estilo Primeiro Império. O móvel também é decorado com entalhes de baixo relevo.
Piso térreo - 0 Divisão 10 - quarto da moça
Guarda-roupa
Mobília pertencente ao quarto da filha mais nova de Lourival e Amélia Antunes Maciel, Déa. Os móveis apresentam características mais simples do que os do casal. O conjunto possui estilo eclético e é todo laminado com “Erable”. A cor do mobiliário é castanho claro com ornamentação na cor castanho escuro.
Guarda-roupas com duas portas com espelhos de cristal e duas gavetas inferiores. O móvel apresenta frontão na parte superior do tipo pescoço de ganso, com volutas ornadas terminadas em acantos laterais. O centro do frontão é preenchido por uma folha de acanto e todo o frontão é apoiado em cornija.
Guarda-roupas de madeira do mesmo conjunto, localizado no mesmo ambiente, possui uma gaveta inferior e uma porta com espelho. O frontão apresenta as mesmas características do outro guarda-roupas.
Penteadeira
Penteadeira em madeira na cor castanho, com duas gavetas acima do tampo de mármore e espelho de cristal. O móvel também possui duas gavetas e duas portas com espelhos na parte inferior.
O espelho é ornamentado com arco pleno no topo identificado por um acanto, as laterais do espelho apresentam apoios de volutas e há outros acantos nas portas espelhadas do mobiliário.
Lavatório
O lavatório em madeira segue as mesmas características da penteadeira. Apresenta duas portas com espelhos e duas gavetas inferiores. Tampo em mármore, espelho de cristal adornado com folhas de acanto.
Cama
A cama que compõe o ambiente possui largura menor que a cama de casal, com cabeceira em arco pleno. Apresenta a borda em madeira na cor castanho escuro; também pode-se observar duas pinhas nos pilares localizados nas extremidades da peseira, formada por um arco abatido. Na cama também são observadas volutas apoiadas nos pilares e localizadas nas laterais do mobiliário.
Aos pés da cama, observa-se um banco com pernas torneadas em anéis, fazendo referência ao neoclassicismo.
Mesa de Cabeceira
Ao lado da cama, há uma mesa de cabeceira com apoios, também torneados em anéis e balaústres vazados, ambos, referências ao neoclassicismo.
Piso térreo - 0 Divisão 05 - sala azul
Borne
Móvel circular denominado “Borne”, com características do estilo Art Noveau. É um móvel bastante ornamentado que possui uma estrutura central torneada em anéis, sustentando folhas e flores com volutas. Os pés são em colunas torneadas em anéis.
Curule chair (curul)
O ambiente é composto por duas cadeiras deste modelo, sem encosto e com braços (curule chair), que pertencem ao conjunto da sala.
Neste mobiliário, sua ornamentação é mais simples, sendo observadas pernas em formato de sabre, volutas modestas fazendo os apoios laterais e ao centro, na parte inferior, um desenho em esgrafito, de uma flor de lótus com volutas.
Cadeira de um lugar
O ambiente é composto por duas cadeiras deste modelo.
São caracterizados pela pintura na cor azul clara, acompanhando o conjunto.
Os pés são em colunas torneadas em anéis.
Observa-se também um aspecto romântico neste conjunto de mobiliário, pois possuem ornamentos em forma de coração nos encostos das poltronas.
Cadeira da dois lugares
Cadeira de dois lugares, acompanhando os detalhes do conjunto, adornada com formas de coração e pés torneados em anéis.
Espelho oval
Espelho oval com moldura em madeira e acabamento dourado, centralizado na sala, com características do estilo Rococó.
A moldura do espelho é representada por uma grande folha de acanto, apresentando uma metade na parte superior e outra metade na parte inferior do objeto. Ao longo das laterais é ornamentada por várias flores e pequenas esferas em toda a volta do espelho.
Mesinha redonda
Abaixo do espelho há uma mesinha redonda em madeira, estilo Luis XVI, com quatro pés cruzados e tampo de mármore. Também duas cadeiras em madeira com pés em coluna e assento e encosto em palha. Peças da coleção Adail
Bento Costa.
Consolo
Consolo com características do estilo Luís XV e também do Rococó. É uma das duas pertencentes à casa da Baronesa, esculpida em madeira e policromada. Sua ornamentação consiste em gemas e flores em tons avermelhados e terrosos, com tampo de mármore.
Nas faces frontal e central existe um acanto alusivo ao classicismo, bastante protuberante e decorado com uma gema avermelhada.
A sustentação do acanto depende de várias volutas floridas que se apoiam em pernas de sabre que também possuem uma gema e um acanto em cada uma das extremidades igualmente ornamentadas.
Outro adorno decorativo, que é possível observar, é o festão: guirlanda de flores e folhagens suspensa em uma curva e apoiada nas duas pernas do móvel.
Espelhos
Dois espelhos localizados nas laterais da sala azul, também apresentam características do estilo Rococó. São revestidos com moldura dourada e possuem formato retângular.
O coroamento da moldura compreende uma folha de acanto com uma gema centralizada e folhas e flores com formas de volutas. Em toda a extremidade da peça existem flores com pequenas esferas. É possível identificar, na base da peça, duas folhas de acanto posicionadas nas laterais da moldura, essas folhas estão de perfil.
Piso térreo - 0 Divisão 07 - sala jantar
Cristaleiras
Cristaleiras características do estilo eclético, em madeira na cor castanho escura. A análise deste mobiliário divide-se em base, corpo e coroamento. O coroamento é composto por frontão com volutas e coroamento no estilo Rococó, composto por flores, folhas e frutos. A borda deste frontão é constituída por uma cornija em toda a extensão superior do móvel.
Na face frontal do coroamento, localizado ao centro, existe um arabesco formado por folhas e flores.
No corpo da cristaleira, as extremidades são ornamentadas por coluna de ordem compósita, ou seja, o capitel é formado por ordem coríntia com sobreposição de volutas da ordem jônica. Ainda no corpo também estão localizadas duas portas e vidros nas três faces principais.
Na base do mobiliário, o arabesco é a principal ornamentação, apresentando volutas simples.
Mesa de jantar
Mesa de jantar extensível em madeira, apresenta a mesma tonalidade das cristaleiras, castanho escuro. Possui detalhes nos pés, ornamentados em anéis e colunas e, na base, pequenos rodízios.