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    Fazenda Monte Alegre

    Fazenda Monte Alegre
    XIX
    Brasil
    Paty do Alferes
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    Localizada entre as zonas urbanas de Paty do Alferes e Miguel Pereira, a Fazenda Monte Alegre situa-se em uma grande área verde cercada por colinas e loteamentos, às margens da rodovia RJ-125. A propriedade, de aproximadamente duzentos mil metros quadrados, é composta atualmente pela casa-sede, capela, galeria e atelier de arte, bem como outras edificações de apoio. As construções são entremeadas por um notável paisagismo, mais elaborado no entorno da casa-sede.

    Situada em um platô com desnível, a casa-sede apresenta-se com a imponência de um sobrado na fachada principal, sendo a fachada posterior em nível térreo e situada na parte mais alta do platô. O pavimento inferior do sobrado possui o mesmo pé-direito do pavimento superior. Diversas modificações foram feitas na casa ao longo do século XX, tais como a supressão do corredor que conduzia à capela e a incorporação de uma varanda nos fundos da casa. Na década de 1970 parte da casa-sede foi consumida por um incêndio e posteriormente reconstruída em concordância com suas características originais.

    A fachada principal guarda proporções e alguns elementos do século XIX. O equilíbrio entre cheios e vazios é dado pelos onze vãos que constituem cada um dos pavimentos. O pavimento inferior intercala portas e janelas e o superior sequencia portas com balcão. 

    Todas as aberturas contam com cercaduras em cantaria, sendo as vergas retas. As janelas são duplas, sendo a parte externa em guilhotinas de caixilhos de vidro e as internas almofadadas. As portas são compostas por duas folhas almofadadas de madeira. Os cunhais também são arrematados com cantaria.

    As fachadas laterais, menos ornadas do que a fachada principal, mantêm a mesma proporção entre cheios e vazios e também apresentam janelas com cercaduras em cantaria e verga reta e cunhais em cantaria. Na fachada de fundos há uma varanda envidraçada que ocupa o vão central. 

    Jardins

    O jardim frontal da casa, em estilo francês, trata-se de intervenção contemporânea e foi projetado por José Tabacow e Cintia Chamas. Na lateral da casa, há um jardim histórico remanescente de provável autoria de Auguste Glaziou que é mantido em seu aspecto original.

    Autoria José Tabacow

     

     

    INEPAC. Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cidade Viva: 2010.

    FAZENDA Monte Alegre – Paty do Alferes - Drone.

    FAZENDA Monte Alegre – Grandes Fazendas.

    GRAHAN, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não: histórias de mulheres da sociedade escravista brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

    MUNIZ, Célia Maria Loureiro. A Riqueza Fugaz: trajetórias e estratégias de famílias de proprietários de terras de Vassouras, 1820-1890. Tese (Doutorado em História). Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.

    PIRES, Tasso Fragoso. (Org.). Fazendas do Império. Rio de Janeiro: Edições Fadel, 2010.

    PATI DO ALFERES, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, Barão de. Memória sobre a fundação de uma fazenda na província do Rio de Janeiro. Introdução: Eduardo Silva. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa; Brasília: Senado Federal, 1985. 

    PONDÉ, Francisco de Paula e Azevedo. A Fazenda da Piedade - A Fazenda do Barão de Pati do Alferes. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Brasília; Rio de Janeiro, n. 327, p. 83-155, abr./jun.1980.

    SILVA, Eduardo. Barões e Escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

    TABACOW, José. Fazenda Monte Alegre, jardins.

    TELLES, Augusto Carlos da Silva. O Vale do Paraíba e a arquitetura do café. Rio de Janeiro: Capivara, 2006.

    1855c. - A fazenda com suas benfeitorias e cafezais foi adquirida por Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o 2º barão de Paty do Alferes, de seu filho, Luiz Peixoto de Lacerda Werneck. Estima-se que o primeiro proprietário das terras, ainda no século XIX, tenha sido Francisco das Chagas Werneck, tio do barão de Paty;

    1859 - Após hospedar D. Pedro II em sua casa na vila de Paty, o barão empreende uma reforma na sede da Monte Alegre, no intuito de receber ilustres visitantes como o Imperador;

    1861 - Concluídas as reformas na casa-sede, o barão falece. A fazenda passa a ser administrada por sua esposa, Maria Izabel Ribeiro de Avelar, a baronesa de Paty;

    1866 - Falece a baronesa de Paty, deixando a fazenda como herença para a filha Maria Izabel Peixoto de Lacerda Werneck, viscondessa de Arcozelo

    1911 - Em virtude de dívidas, a viscondessa de Arcozelo vende a fazenda para o primo Joaquim Ribeiro de Avelar.

    Ao longo do século XX, a Monte Alegre pertenceu a diversos proprietários, entre eles Sabino de Robertis, Antonio Faustino Porto e também uma empresa que a transformou em hotel-cassino.

    Década de 1970 – A edificação passa por um grande incêndio;

    Década de 1980 - Adquirida pelos atuais proprietários, é restaurada como moradia, passando a fazenda a abrigar o Parque de Esculturas Lúcia Miguel Pereira.

     

     

    Francisco Peixoto de Lacerda Werneck (2º barão de Paty de Alferes)

    Francisco Peixoto de Lacerda Werneck nasceu na Fazenda Piedade em 06/02/1795. Era filho único de Francisco Peixoto de Lacerda e Anna Mathilde Werneck. Em seu batismo, em 16/02/1795 na igreja paroquial Nossa Senhora da Conceição de Paty de Alferes, recebeu como padrinhos seus próprios avós paternos. Casou-se em 1823, aos 28 anos, com Maria Isabel Gomes de Assumpção Ribeiro de Avellar.

    Desse casamento tiveram oito filhos, no qual dois morreram ainda jovens, e sendo os que chegaram à vida adulta: Luiz Peixoto de Lacerda Werneck (1824-1886); Ana Isabel de Lacerda Werneck (1827-1869); Manoel Peixoto de Lacerda Werneck (1830-1898); Mariana Isabel Lacerda (1831-1920); Carolina Isabel de Lacerda (1832-1845); e Maria Isabel Lacerda Werneck (1840-1912), a Viscondessa de Arcozelo, casada com o médico português Dr. Joaquim Teixeira de Castro, Visconde de Arcozelo (1825-1891).

    Foi o proprietário das fazendas Monte Alegre, Mato Grosso, Manga Larga, Monte Líbano, Piedade, Sant’Anna e Conceição. Sua atividade econômica girava em torno da cultura do café, mas para além disso, exerceu importantes atividades sociais e políticas na região. Ele foi o patriarca da casa Lacerda Werneck, cuja rede de afilhados, parentes e amigos exerceram papéis de influência local e na corte. 

    Exerceu o poder de forma ativa em sua localidade, de modo que se tornou Comandante Superior da Guarda Nacional da Legião de Valença, Vassouras e Paraíba, onde obteve título de Coronel; em 1836 foi comandante da Guarda Nacional. Foi vice-presidente e depois presidente da Sociedade Promotora da Civilização e Indústria da Vila de Vassouras, que durou de 1832 a 1850. Entre 1844 e 1845 foi deputado na Assembleia Provincial. Além disso, apoiou a D. Pedro I no processo de independência, em 1822, e a D. Pedro II durante a revolta liberal de 1842.

    Publicou, em 1847, um livreto dedicado ao seu filho mais velho, Luiz Peixoto de Lacerda Werneck e entitulado “Memória sobre a fundação de uma fazenda na província do Rio de Janeiro”. O barão instrui em como deve ser construída uma fazenda, a administração, instrumentos, materiais, escravos e a agricultura, essencial para o entendimento hoje das relações entre senhores e seus escravos e história da arquitetura no fim do século XIX. 

    Entre 1851 e 1854 construiu a Capela de Sant’Anna, junto com um cemitério e um presbitério, na freguesia de Sant’Anna das Palmeiras, parte da vila de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu. A obra teve um custo de aproximadamente 60 contos de réis, além de ser parte do desejo do barão em construir a cidade de Isabelópolis, em homenagem à princesa Isabel. No ano seguinte, 1853, mudou-se da Fazenda Piedade para ir para Monte Alegre, luxuosa fazenda e recém adquirida. 

    Recebeu, em 1852, o título de segundo barão do Paty de Alferes e, alguns anos depois, em 1859, recebeu e hospedou o Imperador em sua casa da cidade, que no mesmo ano resolveu reconstruir a casa da fazenda Monte Alegre para poder receber as futuras visitas do monarca. Faleceu em 22/11/1861 na Fazenda Monte Alegre.

     

     

    Maria Isabel Gomes de Assumpção Ribeiro de Avellar (baronesa de Paty do Alferes)

    Maria Isabel Gomes de Assumpção Ribeiro de Avellar nasceu na Fazenda Pau Grande em 15/10/1807. Filha do alferes Luiz Gomes Ribeiro e de Joaquina Matilde d’Assunção. Era irmã de Cláudio (barão de Guaribu), Paulo (barão de São Luiz) e João Gomes Ribeiro de Avelar (barão e depois visconde da Paraíba). Em 1823 casa-se com Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, vindo a tornar-se baronesa em 1852. Após a morte do barão do Paty em 1861, assume a administração das fazendas, modernizando as instalações de beneficiamento do café como saída para a crise.

    Declaração de venda da Monte Alegre de Luiz Peixoto de Lacerda Werneck a seu pai, o barão de Paty do Alferes, 1955c. Fonte: Arquivo Nacional, Fundo Werneck, arquivo BR_RJANRIO_PY.0.TXT.117.

     

    Inventário do 2º Barão de Paty do Alferes, 1862Fonte: Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário. Coleção Processos da Nobreza Brasileira, Acervo Textual.

    Coordenação: Ana Pessoa;

    Edição de textos e imagens: Francesca Martinelli (PCTCC/FCRB), Andreza Baptista (PCTCC/FCRB), Louhana Oliveira [biografia proprietários] (PIBIC/FCRB) e Sávia Pontes Paz [plantas arquitetônicas] (PIBIC/FCRB);

    Créditos das fotos: INEPAC, José Tabacow e Acervo da Fazenda Monte Alegre.

     

    Programa geral, tipologia e planta

    Ainda que a planta da casa tenha sido modificada em seus diversos usos ao longo do século XX, algumas caraterísticas ainda permanecem como indicativo de uma construção da segunda metade do século XIX. Entre elas as alas originais que se estendiam aos fundos, formando uma planta em "U" e configurando um pátio interno, bem como a ligação, no sobrado, entre o vestíbulo e a sala de jantar por apenas uma porta.

    Piso 0

    Ao centro do pavimento térreo localiza-se um vestíbulo ladeado por salas e de onde parte uma escada de acesso ao sobrado. O vestíbulo é ladeado por cômodos que funcionam como depósito, escritório e estar. Nos fundos, à direita, localiza-se um extenso salão junto ao muro de arrimo.

    Piso 1

    Voltado para a fachada principal, ao centro do sobrado, localiza-se o vestíbulo onde chega a escada que parte do pavimento térreo. Ao lado direito do vestíbulo encontra-se a ala íntima, salas de receber uma ampla sala de jantar que se abre para a varanda. Do lado esquerdo encontram-se atualmente os cômodos de serviço. Originalmente essa setorização era invertida, sendo a ala esquerda destinada aos quartos, possuindo um corredor de ligação com a capela, e a ala direita ao serviço, com cozinha e dependências.

     

     

     

    Fachada principal

    Junto à cimalha há uma barra com volutas de guirlandas em estuque com uma inscrição datada de 1861 acima do vão central.

     

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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