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    Fazenda Guaritá

    Fazenda Guaritá
    XIX
    1875
    Brasil
    Rio das Flores - RJ
    -22.268014
    -43.567316
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    A Fazenda Guaritá está localizada próxima ao subdistrito de Comércio, nas terras da antiga sesmaria do capitão Joaquim José de Araújo Maia. A fazenda foi implantada na margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, em área com leve declive. 

    Dedicada à produção de café, a Fazenda Guaritá possui engenho, moinho, casas de colono, curral, oficina e outras dependências, além da casa sede. A distribuição destas estruturas conformam um quadrilátero ao redor do terreiro para secagem do café, caracterizando a forma de implantação desta fazenda. A casa sede foi construída em um pequeno platô que dá a fachada principal uma maior distância do solo, sendo criado um porão inabitável e a fachada posterior, onde se forma a planta em “U”, uma distância menor em relação ao solo.

    A fachada principal da casa sede é marcada pela simetria dos vãos, tendo ao centro a entrada principal, que se dá por meio de duas escadas com guarda-corpos em ferro fundido e lances em sentidos opostos, que atingem um patamar ao nível da porta de entrada, que é guarnecida por alpendre em estrutura metálica, cuja cobertura em ferro é decorada por lambrequins.

    Nas fachadas laterais se destacam as numerosas janelas em vão de verga reta com esquadrias de duas folhas venezianas de abrir e guilhotina com vidro simples.

    O portal de entrada para a fazenda é composto por portão de ferro fundido. Na lateral da casa existe um pequeno jardim com plantas ornamentais e esculturas. Na fachada principal destacam-se os seguintes elementos: a escadaria é ornamentada  com uma pinha de cada lado; o alpendre é iluminado por lustre com as siglas “P. II” e na parede foi fixado o brasão  imperial de D. Pedro II.

    Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Fazenda Guaritá. Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense. Rio de Janeiro: Inepac, Instituto Cidade Viva, 2009.

    Hotel do Café. Disponível em: <https://www.hoteldocafe.com.br/default.asp>. Acesso em 15 jun. 2021.

    Séc. XIX -  A Fazenda Campos Elíseos, fazenda da qual as terras da Guaritá fazia parte, foi aberta em terras da sesmaria concedida a José Joaquim França que vendeu-a ao capitão Joaquim José de Araújo Maia. Joaquim José de Araújo Maia se muda com a família de Minas Gerais para a fazenda, chamando-a de Bom Jardim. 

    1851 - Maia morre em 1847 e a fazenda é vendida pela viúva Teodósia a Peregrino José da América Pinheiro, o visconde de Ipiabas que altera o nome da fazenda para Campos Elíseos.

    1860 - Uma porção de terras é desmembrada da fazenda Campos Elíseos, sendo doada por Peregrino a seu filho, o Francisco Pinheiro de Souza Werneck, o 2º barão de Ipiabas.

    1875 - Francisco Pinheiro de Souza Werneck funda a Fazenda Guaritá, passando a morar na  casa sede recém construída.

    1899 - Já como 2 barão de Ipiabas, Francisco hipoteca a fazenda ao Banco Hipotecário do Brasil.

    1900- Após conseguir a quitação, o barão desiste do plantio de café e vende a fazenda por 70 contos de réis ao primo João Luis de Almeida Ramos. Logo em seguida a fazenda foi adquirida pelos sócios Capitão Vantuyl Vieira Ramos, primo do Barão de Ipiabas e filho de João Luis Vieira Ramos, e seu cunhado Alfredo da Fraga Quitito.

    1959 - A fazenda foi comprada por Marcos Vieira da Cunha, que já era proprietário das fazendas vizinhas, Santo Antonio e Campos Elíseos. 

    1985 - Marcos faleceu repentinamente e a Fazenda Guaritá foi vendida por seus herdeiros ao empresário Paulo Orívio.

    1990 - Omar Resende Perez compra a fazenda e cria nela o Hotel do Café.

     

    Joaquim José de Araújo Maia, capitão, nascido em 1772, saiu da Vila do Príncipe, atual Serro, em Minas Gerais após o fim da extração de ouro, estabelecendo-se na região do Vale do Paraíba no fim do século XVIII. Casou-se com Teodósia Vieira da Cunha, filha de importante fazendeiro, que também havia migrado de Minas, vindo de Bom Sucesso. O casal mudou-se para a fazenda adquirida na margem do Paraíba que batizaram de Bom Jardim. Lá tiveram sete filhos, entre eles Bárbara Balbina de Araújo Maia, casada com o engenheiro Christiano Benedicto Ottoni e Honório de Araújo Maia, 1º barão de Araújo Maia. Faleceu em 1856 na cidade de Valença.

     

    Peregrino José da América Pinheiro, o visconde de Ipiabas, nasceu em 1811 na freguesia de Paty do Alferes, pertencente ao município de Vassouras.Era filho de João Pinheiro de Souza (1787-1860), Capitão Reformado da 2 Linha da Guarda Nacional de Vassouras e Izabel Maria da Visitação (1785-1876) e irmão do barão de Potengi. Mudou-se para a Fazenda de São João, em Valença, com apenas 11 anos e foi nessa região, à margem do Rio Paraíba, que permaneceu até seu falecimento. Casou-se com Anna Francisca de São José em 1834 com quem teve nove filhos, entre eles: Francisco Pinheiro de Souza Werneck, 2º barão de Ipiabas (1837-1926), Ana Peregrina Pinheiro Werneck, baronesa de Potengi, Maria Isabel Pinheiro Werneck, baronesa da Aliança (1848-1927) e Francisca Peregrina de Chagas Werneck, baronesa de Almeida Ramos. 

    Fundou inicialmente a Fazenda do Oriente, onde iniciou sua trajetória como produtor de café. Aos poucos comprou propriedades próximas como a Fazenda do Campos Elíseos, anexando-as à sesmaria de São João. Foi coronel da Guarda Nacional de Valença, chegando a comandar a guarda nacional de Paraíba do Sul e de Valença. Recebeu o grau de cavaleiro da imperial ordem da Rosa e da Ordem de Cristo. Foi também presidente da Câmara Municipal e juiz municipal e de órfãos de Valença. Participou da fundação do Instituto Fluminense d’Agricultura em 1861 e provedor da Santa Casa de Misericórdia. Na política foi filiado ao partido conservador e defendeu a libertação de escravos. Recebeu em 26 de dezembro de 1866 o título de Barão de Ipiabas e o de Visconde em 17 de junho de 1882. 

    Faleceu em 1882 na Fazenda do Oriente no auge de seu prestígio e de sua fortuna. Fortuna esta composta na sua maioria por propriedades na Corte do Rio de Janeiro, como por exemplo, o palacete da rua do Costa; casa em Valença e Comércio; centenas de ações e grande quantidade de terras divididas em cinco grandes fazendas: Oriente, Campos Elíseos, Santa Rita, Conceição e São João. Seus restos mortais se encontram no mausoléu da família no cemitério Riachuelo, na cidade de Valença.

     

    Francisco Pinheiro de Souza Werneck, o 2º barão de Ipiabas, nasceu em 26 de outubro de 1837 no Rio de Janeiro. Era filho dos viscondes de Ipiabas, Peregrino José da América Pinheiro (1811-1882) e Anna Francisca de São José (1811-1892), e irmão de Ana Peregrina Pinheiro Werneck, baronesa de Potengi, Maria Isabel Pinheiro Werneck, baronesa da Aliança (1848-1927) e Francisca Peregrina de Chagas Werneck, baronesa de Almeida Ramos. Casou-se com Francisca Guilhermina de Almeida Werneck com quem teve os filhos: Sílvio de Souza Werneck, Zoé Werneck e Carolina Peregrina Pinheiro de Souza, a baronesa de Palmeiras. 

    Recebeu o título de 2º barão de Ipiabas em 22 de setembro de 1882. Foi deputado estadual e integrou a Constituinte estadual responsável pela elaboração da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, publicada em abril de 1892. Faleceu em 15 de abril de 1926, no Rio de Janeiro. 

    Moeda comemorativa do visconde de Ipiabas dos 100 anos da Fazenda Guaritá (1875-1975). Disponível em: <https://www.tudorleiloes.com.br/peca.asp?ID=5643282&ctd=4&tot=&tipo=21>.

    Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2021

    Texto: Andreza Baptista (PCTCC/FCRB)

    Fotografias: Zzn Peres, Lu Lacerda, Gil

     

    Programa geral, tipologia e planta

    A Fazenda Guaritá possui planta em forma de “U”, com apenas um pavimento, assentada sobre porão inabitável, nivelando a edificação do pequeno declive do terreno. O acesso principal, presente na fachada principal, leva as áreas sociais da residência como sala de estar, sala de jantar, sala de visita, capela e escritório. A forma de “U” na planta se dá pela presença de duas alas, que criam ao centro um pátio interno. A ala direita abriga as áreas de serviço e a ala esquerda as áreas íntimas.

     

    Piso 1, Área social

     

     

     

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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