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    António de Oliveira Bernardes (1662-1732)

    António de Oliveira Bernardes (1662-1732)
    XVII,XVIII

    Natural de Beja, onde foi baptizado a 10 de Dezembro de 1662, era filho do pintor Pedro Figueira e de Isabel Rodrigues. Na década de 1670 transferiu-se para Lisboa. A sua aprendizagem terá sido realizada no âmbito familiar e na oficina do pintor Marcos da Cruz, falecido em 1683. Trabalhou na oficina do pintor decorador da corte, Francisco Ferreira de Araújo, com cuja filha casou em 1694. Entrou para a irmandade de S. Lucas em 1683 e foi juiz desta instituição em 1694.

    Pintor de têmpera e a óleo, ficou sobretudo conhecido como pintor de azulejos. A sua oficina, situada no bairro das Olarias, a Santa Catarina, em Lisboa, foi a mais importante escola de pintores de azulejos da sua época. O seu filho, Policarpo de Oliveira Bernardes (1695-1778), também pintor de azulejo, substituiu-o em 1727, quando adoeceu, sucedendo-lhe na direcção da oficina após a sua morte a 4 de Dezembro de 1732. O mestre residia então na rua das Casas Caídas, freguesia de Santa Catarina do Monte Sinai, em Lisboa.

    Entre os seus alunos contam-se, além de Policarpo, um outro filho, Inácio de Oliveira Bernardes (1697-1781), pintor, arquitecto e cenógrafo, André Gonçalves (1692-1762), pintor a óleo, e alguns dos principais mestres azulejadores do período da “grande produção joanina”: Teotónio dos Santos (act. 1715-1730) e Nicolau de Freitas (1703-1765). A sua oficina influenciou ainda outros operosos pintores de azulejo, como o “mestre do P.M.P” (act. 1711-1725), Valentim de Almeida (1692-1779) e Bartolomeu Antunes (1688-1753).

    Entre as suas obras, algumas assinadas, outras documentadas ou meramente atribuídas, assinalam-se, na pintura a têmpera e a óleo, o tecto da nave da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Beja e o da capela-mor da igreja do Bonfim em Setúbal (1690), o da capela de Nossa Senhora da Quinta da Ramada, em Frielas (c. 1698), reinstalado em 1918 na casa de jantar da Casa de Santa Maria em Cascais, e os da capela-mor e nave da igreja do convento de Santa Clara em Évora (c. 1700).

    Na pintura de azulejo merecem destaque os silhares da mesma capela de Nossa Senhora da Quinta da Ramada e os que cobrem duas salas do Palácio Tancos, em Lisboa. Da sua autoria são ainda alguns dos mais notáveis revestimentos azulejares de abóbadas, por exemplo na antiga capela de Nossa Senhora da Conceição, da igreja paroquial das Mercês, em Lisboa (c. 1714); no corredor da sacristia do santuário de Nossa Senhora da Nazaré (c. 1714); na capela-mor da igreja da Ordem Terceira franciscana em Faro (1718/19) e na nave do santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Peniche (c. 1720), este possivelmente em parceria com o seu filho Policarpo.

    (Isabel Mendonça)

     

     

    Bibliografia

    CORREIA, Virgílio - “A família Oliveira Bernardes”. A Águia, nºs 71-72, Porto, 1917, pp. 196-208.

    MECO, José - “Bernardes, António de Oliveira”. Dicionário da Arte Barroca em Portugal (dir. de José Fernandes Pereira e Paulo Pereira), Lisboa, Ed. Presença, 1989, pp. 79-81.

    Anísio FRANCO - “António de Oliveira Bernardes e a unidade decorativa do espaço barroco”. Jerónimos. Quatro séculos de pintura, Lisboa, MC / IPPAR, 1992, pp. 206-217.

    Vítor SERRÃO - “As campanhas artísticas da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (1672-1698)”. A igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Beja. Arte e História de um espaço barroco (1672-1698) (coord. de Vítor Serrão, Francisco Lameira e José António Falcão), Aletheia Ed., 2007, pp. 26-95.

    AZ Infinitum. Sistema de Referência e Indexação de Azulejo in http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/autor_ficha.aspx?id=46.

     

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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