Desconhecido
Um dos mais monumentais exemplos da casa senhorial goesa, a Casa dos Figueiredo, apresenta um programa complexo de dois alpendres de entrada e três pátios interiores, correspondendo a dois períodos distintos da casa. A grandiosidade da escala afirma de forma inequívoca a importância que as famílias brâmanes católicas ocuparam na sociedade e cultura goesas dos últimos séculos de ocupação portuguesa. Da ala construída no seculo XIX destaca-se não só o magnífico alpendre de entrada como uma sequência de grandes salões, onde vemos salientar-se o antigo vasary hindu, caracterizado pelas suas proporções muito estreitas e compridas. Digno de nota, a casa guarda uma excepcional colecção de mobiliário indo-português que se distribui pelos diferentes interiores.
Situada nas chamadas Velhas Conquistas, junto da aldeia de Loutolim, a casa apresenta a fachada principal orientada para um extenso vale de arrozais a este. O seu lote, limitado por baixos muretes, define um conjunto formado por edificado e jardins envolventes. No século XIX o edificado sofreu grandes transformações, que alteraram o seu traçado inicial.
A morfologia da Casa Figueiredo apresenta na sua composição um piso sobrelevado que articula ao longo da fachada principal dois balcões alpendrados salientes com telhados de base quadrangular. Ortogonais aos balcões de entrada estendem-se duas escadas de aparato limitadas por muretes abalaustrados que na ala nascente da casa se abre num espaço circular pavimentado sobre portão de entrada, delimitando o jardim e zona de circulação pública.
Na sua lógica de enquadramento a ala nascente, sendo resultado de construção posterior à original, acusa um aumento de escala afecto ao século XIX e casa senhorial em Goa. Assim, destaca-se na ala nascente do conjunto volumétrico o maior dimensionamento do balcão alpendrado e pátio. A presença de uma varanda pouco saliente que corre a fachada principal do edifício ate ao balcão de serviços também identifica este novo volume.
Na composição volumétrica distinguem-se dois prismas, um de base rectangular que se apresenta como corpo principal e outro de base quadrangular adossado a noroeste que se desenvolve como a área privada do volume primitivo.
A fachada principal organiza assimetricamente num corpo sobrelevado dois balcões alpendrados com telhados de quatro águas de base quadrangular se apresentam salientes. A assimetria revela dois períodos de construção distintos, no qual o aumento de escala do novo corpo arquitectónico é característico da arquitectura do século XIX em Goa.
Do saliente alpendre principal desenvolvem-se lateralmente duas varandas corridas que conjuntamente com as janelas de arco tudor delimitam-distinguem a extensão do novo corpo edificado na fachada principal.
O antigo troço da casa tem janelas de peito com arco tudor e somente a janela mais a norte, com maior espaçamento das restantes e telheiro próprio, apresenta varanda saliente.
Todo o edifício é marcado por um telheiro a que se sobrepõe uma cornija saliente e duplo beirado.
Os dois balcões de entrada que articulam através da organização de três pátios interiores os diferentes tramos do conjunto de funções da casa.
Articulação entre balcão de serviços e pequeno pátio central- interior une dois corpos de traçado temporalmente distinto.