Contrato que a nobre cidade de Goa fez com António de Brito das obras de retelhamento do passo de São Braz e Paço de São Lourenço e fiança
GOA NACIONAL ARCHIVES, Senado de Goa, Livro de Obras- 1654-1665, nº 7832. S.n.
18 de Abril de 1654
(Excerto)
"Do Passo de S. Lourenço o empreiteiro que tomar estes retelhamentos sera obrigado fazer com toda telha grande e pequena telhões e farsera cintas e caldreyas que estiverem quebrada e sera obrigado correr e recorrer toas as casas e tercenas (…) e mais casas de modo que não faça goteiras. Mais metera uma trave de catorze couvados e hua madre de quinze côvados no soalho da camara sete ou oito tabuas de malte e depois de meter as traves fara o seu chão que estever quebrado dargamaça vermelha e fara hu quartel novo da adufa e reformara as mais ponde lhe … aldavinhas que faltam e mais três aldravas em portas e fara hum frontal de tijolos no arco da capella que estava na salla e desmancharaa abobada da capella e fara o concerto das casas dos soldados que estão cahidas adonde gastara dezasseis agueiros lavrados de malte …"
Nota: Como parte integrante do sistema defensivo da cidade de Goa em vários pontos da muralha abriam-se um conjunto de portas, denominadas por passos. Guarnecidas por uma força militar, estas portas tinham funções de alfândega controlando as entradas e saídas da cidade sobretudo dos artigos de consumo diário. O padre Gabriel Saldanha refere na sua História de Goa (1926: 220) sobre estas portas “destas portas as três principais correspondiam (…) o passo de Daugim ao noroeste da ilha, o passo seco ou váu de São Brás pelo oriente e o Passo de São Tiago de Banastarim. A manutenção da muralha como das edificações que lhe estavam relacionadas era da responsabilidade do Senado da Câmara da Goa explicando-se assim que estas obras se encontrem registadas nos Livros de Obras da Câmara. No estudo destes contractos encontramos interessantes referências a sistemas construtivos e materiais de construção de revelante importância para a arquitectura e história da construção em Goa.
Bibliografia:
ROSSA, Walter; MENDIRATTA, Sidh “ A Cerca Adormecida: recuperação histórico-cartográfica da muralha portuguesa de Goa" in Goa Passado e Presente, Atas do Congresso. Lisboa: CEPCEP e CHAM, 2013, 413-423.
SALDANHA, Padre m. J. Gabriel de, História de Goa, Monumentos Arqueológica, Vol. II, Nova Goa, casa Editora Livraria Coelho, 2º ed. 1926. Pp218-220.
TELLES, Ricardo Michael, “Fortalezas de Goa e suas legendas” O Oriente Português, 2ª série, nº 18, Nova Goa, 1937, pp. 283-334.