Contrato que a nobre cidade de Goa fez 24 de Abril de 1655
GOA NACIONAL ARCHIVES, Senado de Goa, Livro de Obras- 1654-1665, nº 7832. S.n.
(Excerto)
"O empreiteiro que tomar esta obra sera obrigado no passo de Ribandar telhar quatrocentas telhas portuguesas e alguns telhões que for necessario e mea corja (vintena) daguieiros serrados de malte de oito a dez côvados e quatrocentas ripas tudo de malte e com sua pregadura duas portas pequenas hua para a cozinha e outra para a despensa e formara … e metera forro de pedras nas paredes e onde seja necessário meio moyo de chunambo e fara os ditos retelhamentos de modo que não faça goteiras no inverno e fara suas cintas, calleyras de chunambo e na fachada de Pangim fara esteiras para tapar as janelas como e costume e fara o retelhamento de todas as casas e metera telhas pequenas grandes e telhões que faltam com suas cintas e aldrozes de chunambo de modo que não faça goteiras. E estas condições se hade mandar arrematar em quem pelo menor a fizer. Goa 24 de Abril de 1655"
Nota: O passo de Ribandar fazia parte integrante do sistema defensivo da cidade de Goa que era marcado por um conjunto de portas de entrada, denominadas por passos. Guarnecidas por uma força militar, que fazendo de alfândega controlava as entradas e saídas sobretudo dos artigos de consumo diário. O padre Gabriel Saldanha refere na sua História de Goa (1926: 220) sobre estas portas “destas portas as três principais correspondiam (…) o passo de Daugim ao noroeste da ilha, o passo seco ou váu de São Brás pelo oriente e o Passo de São Tiago de Banastarim. A manutenção da muralha como das edificações que lhe estavam relacionadas era da responsabilidade do Senado da Câmara da Goa explicando-se assim que estas obras se encontrem registadas nos Livros de Obras da Câmara. No estudo destes contractos encontramos interessantes referências a sistemas construtivos e materiais de construção de revelante importância para a arquitectura e história da construção em Goa
Bibliografia:
ROSSA, Walter; MENDIRATTA, Sidh “ A Cerca Adormecida: recuperação histórico-cartográfica da muralha portuguesa de Goa" in Goa Passado e Presente, Atas do Congresso. Lisboa: CEPCEP e CHAM, 2013, 413-423.
SALDANHA, Padre m. J. Gabriel de, História de Goa, Monumentos Arqueológica, Vol. II, Nova Goa, casa Editora Livraria Coelho, 2º ed. 1926. Pp218-220.
TELLES, Ricardo Michael, “Fortalezas de Goa e suas legendas” O Oriente Português, 2ª série, nº 18, Nova Goa, 1937, pp. 283-334.