Apresentação
Na sua estadia na Índia entre ao anos de 1862 e 1871 Lopes Mendes realizou um vasto conjunto de desenhos onde mais tarde 382 foram passados a gravura e integrados na sua obra a India Portuguesa. Embora com uma formação académica muito precária, o autor percorreu todo o território de soberania portuguesa na Índia, desenhando, com uma enorme dedicação e esforço; edifícios, paisagens, rituais e pessoas. Lopes Mendes não descurou a arquitectura civil fazendo um levantamento sistemático dos edifícios que ia visitando. Estes desenhos constituem uma sistematização do património existente em Goa na década de sessenta do século XIX que em muitos casos desapareceu ou se encontra radicalmente transformado.
Palácio do Governo Geral em Pangim
Fachada sobre o Mandovi, fachada de entrada e enquadramento na cidade.
In Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, 1886, Vol. I, p.11, 26 e 96A
Antiga fortaleza de Adil-Khan, o edifício foi adaptado a residência sendo residência dos vice-reis quando chegavam de Lisboa até à sua entrada oficial em Goa. Com o declínio da cidade de Goa o Vice-Rei Conde da Ega, decide remodelar o edifício para residência oficial instalando-se aqui a 1 de Dezembro de 1759. Nesta altura o palácio ainda possuia os seus altos tectos de tesoura que desapareceram em 1887 com as grandes obras efectuadas pelo contra-almirante Cardoso de Carvalho. O edifício manteve-se como residência até 1918 altura que passou a serviços administração pública.
Palácio do Governador de Damão
Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, 1886, Vol. I, p. 226 , vol. II, p. 58,
vol. I, p. 238
O palácio é constituido pela fortaleza e a residência do governador. Na vista geral do conjunto, é claramente perceptível, a residência à esquerda e a fortaleza ao centro, marcada por uma alta torre com uma configuração de mirante.
Palácios dos Condes de Nova Goa, em Pangim, do Rei de Súndem e do Deão em Quepém
Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, , 1886, Vol. I, p.134, Vol. II, p. 231 e vol.II, p. 126
Tendo o Palácio dos Condes de Nova Goa desaparecido, esta gravura ganha significado apresentando uma tipologia muito interessante de fachada principal sobre pátio murado. O frontão da entrada com inclinação muito acentuada lembra o Palácio dos Bragança em Chandor.
Palácio do Sardessay de Sanquelim, Palácio do Dessay de Arabó e Dessay de Lamargão
in Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, 1886, vol. II, p. 36, vol.II, p. 241 e vol.I, p. 226
Com estruturas muito diferentes, confrontamo-nos com conjuntos arquitectónicos organizados em um ou mais pátios interiores. Voltados sobre si próprios cada palácio apresenta para o exterior um conjunto de volumes autonomizados, sem uma lógica de composição de fachada, decorrendo de conceitos de espaço de clara matriz oriental.
Palácio Carcomo Lobo , em São Pedro de Ribandar e Quinta Carcomo Lobo em Nandim
In Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, 1886, Vol. II, p.174, vol. II, pp.164 e 166.
Da iconografia do Palácio Carcome Lobo podemos referir a pintura de José Maria Gonsalves com São Pedro de Ribandar ao fundo, onde aparecem os três palácios.
Casa em Mormugão, em Doddomaddogo, em Collem e em Cussamane
In Lopes Mendes, India Portugueza, Lisboa, Imprensa Nacional, 1886, vol. I, p.219, vol. I, p.102, vol. II, p.114 e vol. II, p.117
Conjunto de casas em meio rural com diferentes soluções de alpendres de entrada. No primeiro o alpendre apresenta-se recolhido em pátio de recebimento, no segundo, o alpendre surge na fachada principal mas localizado lateralmente, no terceiro e quarto caso o alpendre já se apresenta em situação central em relação à fachada principal.
Bibliografia:
Dias, Pedro, De Goa a Pangim, Lisboa, Santander Totta, 2005, pp.314-316
Saldanha, Padre Gabriel de, História de Goa, Vol. II, Parte III, Nova Goa, Ed. Livraria Coelho, 1926, pp.165-171-
Lopes Mendes, A Índia Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional, vol. I, 1866, p.59 e p.174
Carita, Helder “Telhados de tesoura e práticas Construtivas na Goa do século XVI a XVIII, in 2º Congresso Internacional de História da construção, Culturas Partilhadas, Porto, FAUP, 2016, pp. 881-893