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    Palacete do Barão do Amparo - Rio de Janeiro

    Palacete do Barão do Amparo - Rio de Janeiro
    Brazil
    XIX

    Enquadramento Urbano e Paisagístico

    O palacete estava situado no terreno número 115 da rua Bambina, no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro-RJ. Sua construção data do final do século XIX e início do XX, período em que as habitações do bairro se transformavam de grandes chácaras para casas em terrenos menores. 

    O terreno encontrava-se no meio da quadra localizada entre as ruas Vicente de Souza e Prof. Alfredo Gomes. A casa foi implantada afastada da testada do lote, mais próxima a lateral direita, estando a fachada principal voltada para o oeste. A parte posterior do lote contava com uma vasta vegetação que caracteriza o espaço até hoje. Além da casa, o terreno era ocupado por outras pequenas estruturas que abrigavam a caixa d’água, tanques, galinheiro e depósitos.

     

     

    Morfologia e composição

    O palacete de dois pavimentos, contava com uma planta em formato de “L”, com um passadiço e anexo construídos rente a fachada posterior. Foi construído em pedra, cal e tijolos e contava com portadas de cantaria. Estava elevada do solo pelo porão habitável, que  contava com dez compartimentos, duas privadas e banheiro. Seu telhado possuía telhas cerâmicas escondidas pela platibanda.

     

     

    Fachada principal

    A fachada principal era caracterizada pela simetria dos vãos. O acesso à casa era feito pela porta localizada ao centro da fachada, à qual se chegava por meio da escadaria dupla de mármore e gradil metálico, que contava ainda com um alpendre. No primeiro pavimento existiam seis janelas e no segundo, sete, todas elas contavam com gradil de ferro francês. No porão eram quatro vãos para a ventilação. Existia ainda ornamentação por toda a fachada com pilastras e florões. A platibanda contava com um vasos decorativos e um medalhão com o monograma do proprietário.

     

     

    Programa geral, tipologia e planta

    Inicialmente o palacete possuía uma planta de forma retangular, que foi modificada durante a reforma de 1901, quando um trecho alongado foi inserido na fachada principal, dando à planta da casa o formato em “L”. O prédio era dividido no pavimento inferior em sala de visita, saleta, sala de jantar, sala de espera, saleta da escada, banheiro, sala de engomação, quartos, despensa, copa e cozinha. O pavimento superior contava com uma sala e sete quartos e banheiro. Todos os compartimentos eram estucados, forrados e assoalhados, menos a copa, cozinha, passadiço e banheiro que eram ladrilhados. O porão dividia-se em dez compartimentos, duas privadas e banheiro, tudo forrado e cimentado. 

     

     

    Bibliografia

    Inventário da baronesa do Amparo, 1924. Fonte: Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário. Coleção Processos da Nobreza Brasileira, Acervo Textual. Mídia  AP_001636. Acesso em: 04 abr. 2021.

    Secretaria de Viação, Trabalho e Obras Públicas. Planta da Cidade do Rio de Janeiro. 1935. Acesso em 12 jan. 2022. 

     

     

    Cronologia e Proprietários

    1891 - Após longa estadia em Bruxelas, o 2º Barão do Amparo e sua família retornaram ao Brasil, estabelecendo-se no endereço rua Comandante Tamborim, nº 25. Neste mesmo período a família também era proprietária de um palacete na cidade de Vassouras.

    1901 - O palacete passa por obras para ampliação, projeto do construtor José da Silva Cardoso. O nome da rua é alterado oficialmente, o que justifica o endereço encontrado na documentação da reforma, onde consta rua Bambina, nº 25. 

    1917 - Ao longo dos anos a rua teve uma nova alteração na denominação passando a ser rua Vicente de Souza. Tempos depois a rua volta a ser denominada rua Bambina, pelo decreto municipal n. 1165.

    1921 - Paulina Leite de Carvalho, filha do barão do Amparo, mora por um tempo no palacete. 

    1924 - Morte da Baronesa do Amparo, em seu inventário o palacete é avaliado em 400:000$000.

    1934 - Outra alteração da denominação é feita na rua, sendo alterada para rua Timóteo da Costa, voltando a ser rua Bambina em 1937, tendo a casa permanecido com a numeração 115. 

    1942 - É anunciada a venda da casa  para a Companhia Imobiliária Nacional S/A, por 800:000$000.

    1943 - Se inicia as atividades do Colégio seminarista Aloisianum até 1960, quando o colégio é fechado.

    1964 - O local é ocupado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES).

    2000 - O Centro Cultural João XXIII se estabelece, permanecendo até os tempos atuais. Não se sabe ao certo quando o palacete foi demolido, no local se encontra uma nova edificação. 

     

    Joaquim Gomes Leite de Carvalho, o segundo barão do Amparo, nasceu em 17 de abril de 1830 em Amparo de Barra Mansa. Foi o filho mais velho de Manuel Gomes de Carvalho (1º barão do Amparo) e Francisca Bernardina Leite. Foi irmão de Ana Bernardina, João Gomes de Carvalho, que foi feito barão e depois visconde de Barra Mansa, e Manuel Gomes de Carvalho Filho, feito barão do Rio Negro. 

    Casou-se, em 7 de janeiro de 1857, com sua sobrinha Amélia Eugênia Teixeira Leite (1834-1924), filha mais velha de sua irmã Ana Bernardina e João Evangelista Teixeira Leite. Do casamento tiveram sete filhos: Amélia Gomes Leite de Carvalho (1858-1919), casou-se com Henri Gielen, de Bruxelas; Alberto Gomes Leite de Carvalho (1860-1940), casou-se com Carmen Diaz Garcia (1876-1928), da Espanha; Joaquim Gomes Leite de Carvalho (1862-1905); Afonso Gomes Leite de Carvalho (1865-1910); Ana Gomes Leite de Carvalho (1875-1917); Paulina Leite de Carvalho (1876-1962), nascida na Suíça; e Horácio Gomes Leite de Carvalho (1879-1958), nascido em Bruxelas.

    Foi fazendeiro capitalista, membro do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura e provedor na Santa Casa de Misericórdia. Recebeu o título de segundo barão do Amparo por decreto imperial em 30 de janeiro de 1867, mesmo título de seu pai. Recebeu herança de seu pai, ampliando-a através de investimentos financeiros. Em 1886, adquiriu a Fazenda das Palmas e, em 1887, inaugurou seu imponente palacete sobre uma colina, onde se destaca na cidade de Vassouras e cujas referência e inspiração, na arquitetura e decoração, teve devido sua estadia na Europa. O terreno do palacete antes era propriedade de Pedro Corrêa e Castro, o barão do Tinguá, cujo sobrado fora demolido para realizar a construção da nova residência do barão do Amparo. Possuía residência em Botafogo e também na cidade de Vassouras, onde faleceu aos 91 anos, no dia 30 de abril de 1921. Foi sepultado no cemitério da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo.

     

     

    Documentação

    Inventário do 2º barão do Amparo, 1921. Fonte: Acervo do Centro de Documentação Histórica de Vassouras, sob tutela do IPHAN.

    Inventário da 2ª baronesa do Amparo, 1924. Fonte: Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário. Coleção Processos da Nobreza Brasileira, Acervo Textual. Mídia  AP_001636.

     

    Projeto de ampliação da fachada do palacete assinado pelo construtor José da Silva Cardoso em 1901. Acervo AGCRJ.

    Retrato do 2º Barão do Amparo, sem autoria e sem data.

    Louças do Barão do Amparo, disponível em: <https://www.dargentleiloes.net.br/peca.asp?ID=4045160&ctd=367> .

     

    Observações

    Coordenação: Ana Pessoa (FCRB), 2022

    Texto: Andreza Baptista (PCTCC/FCRB), 2022

    Colaboração: Louhana Oliveira (PIBIC/FCRB)

    Fotografias: Brasiliana Fotográfica/ Biblioteca Nacional; Museu Aeroespacial (MUSAL).

     

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    PTCD/EAT-HAT/11229/2009

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